CRÉDITO: SEAGRO - TO |
A exportação do caucho do Tocantins
que teve o seu período de maior intensidade entre 1913 e 1920, decresceu
notavelmente a partir desta data, não somente por causa do rareamento das
árvores e queda dos preços das gomas elásticas como pela descoberta de muitos
castanhais no Itacaiúnas e seus afluentes, Sororó, Vermelho, Arraias, Madeira,
Itapirapé, e outros, em terrenos saudáveis, abundantes em toda a espécie de
caça, reabilitando assim o valor deste grande rio que em 1897 Coudreau
injustamente chamara de “grande rio torrente hibernal, que não é caminho para
nenhuma parte, e que na ordem dos cursos d’água que podem merecer benefícios do
Estado para incentivar a colonização merece ser colocado entre os últimos das
derradeiras fileiras”.
Enfim, sob o ponto de vista econômico
é interessante notar que ao escasseamento do caucho sucedeu gradativamente o
aumento da produção de castanha, conforme se pode ver no quadro abaixo:
PRODUÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARABÁ DE 1913 A 1927:
ANO CAUCHO CASTANHA
toneladas hectolitros
1913 327,9 20
1914 462,5 2.502
1915 418,4 2.711
1916 261,1 1.899
1917 250,2 1.708
1918 203,2 1.508
1919 354,7 5.396
1920 228,9 17.878
1921 92,0 27.965
1922 61,4 27.020
1923 42,3 61.705
1924 26,9 77.548
1925 15,2 84.595
1926 21,3 120.417
1927 (jan a junho) 18,5 76.305
Conforme o quadro acima, é quase
insignificante a exportação em 1927 de caucho que cada vez se torna mais
escasso.
O comércio da borracha em Marabá nas
primeiras décadas, segundo a pesquisadora Marília Emmi[1]
influiu nas relações entre os homens, na manifestação de seus interesses e na
condução dos problemas políticos e econômicos da área. Onde predominava o valor
de uso ou a produção para a subsistência que caracteriza a economia do Burgo,
passou a predominar o valor de troca, o caucho só tinha sentido econômico para
a troca voltada para o exterior.
BENEFÍCIOS DAS
SERINGUEIRAS
Além do látex, a seringueira oferece madeira para
produção de móveis; das suas sementes é extraído óleo para fabricação de tinta
e sabão, e a torta serve para alimentação de animais. A planta oferta ainda
flores que são muito apreciadas por abelhas, fortalecendo a produção de mel. “O
cenário no Tocantins está muito favorável para o látex, sem falar que é uma cultura
permanente, que vai durar de 35 a 40 anos, e o produtor tendo renda mensal”,
reforçou Leal.
O CICLO ECONÔMICO DO DESENVOLVIMENTO E DA
VERGONHA
Para o historiador Eduardo Bueno a borracha trouxe a prosperidade para
diferentes lugares, na Amazônia, a cidade de Manaus até 1830 tinha 3 mil habitantes
e em 1880 tinha 50 mil habitantes, graças a grandiosa produção de borracha, era
morada de banqueiros ingleses, empresários americanos de mulheres francesas. Em
1896 foi inaugurado o Teatro Amazonas onde tenor italiano Caruso veio cantar
óperas. Também, tem o processo de construção da Ferrovia Madeira-Mamoré para o
transporte.
No Pará aconteceu grande crescimento, a borracha do estado do Amazonas era exportada para a Europa, no entanto, esta chegava diretamente à Belém por meio de barcos, proporcionando a cidade de Belém ter forte crescimento econômico nesta época, também ocorreu a vinda do industrial americano Henry Ford que fundou a cidade de Fordland e, estudos por parte do Governo do Pará para a construção da Estrada de Ferro do Tocantins.
No Pará aconteceu grande crescimento, a borracha do estado do Amazonas era exportada para a Europa, no entanto, esta chegava diretamente à Belém por meio de barcos, proporcionando a cidade de Belém ter forte crescimento econômico nesta época, também ocorreu a vinda do industrial americano Henry Ford que fundou a cidade de Fordland e, estudos por parte do Governo do Pará para a construção da Estrada de Ferro do Tocantins.
Muitos usos a partir de 1880 foram
dadas à borracha, desde a medicina, a indústria calçadista, automobilística com a
fabricação do pneu vulcanizado, serviu de grande apoio nas duas primeiras
guerras mundiais, neste momento, vale lembrar Paulo Sampaio com um belo texto sobre o
soldado da borracha, esse herói esquecido, no contexto da II Guerra Mundial:
“Os
seringueiros da região Norte aliados mais tarde aos trabalhadores nordestinos,
prontamente atenderam ao chamado do governo e se dispuseram, com determinação e
coragem, a atender ao pedido, ou seja, melhorar a produção de borracha em curto
espaço de tempo.
Assim aponta Bueno sobre o ciclo da
borracha:
“As
condições em que eram escravizados os índios
seringueiros, eram 7 milhões de pés de seringueiras em condições piores
que a escravidão, coisa realmente terrível.”
"Foi
uma das maiores tragédias humanas, senão também uma tragédia ecológica ocorrida
nesse país”.
Emmi faz um bom relato da cidade de
Marabá:
“Assim
era Marabá em meados da década de 1920. Muito mais do que um simples
“acampamento” de caucheiros ou de castanheiros, era um produto das relações dos
homens com a natureza – da qual extraiam não apenas os meios necessários à
subsistência, mais especialmente a matéria-prima, a busca da qual, em certo
momento, implicava mesmo na destruição dessa natureza. Marabá era também um
produto das relações dos homens entre si, relações em que a exploração não
conhecia limites, em que a sede do lucro mercantil reduzia os homens a simples
mercadorias – “alugadas” ou “compradas”, colocadas à disposição do patrão
(Paternostro, 1945). Essas relações, entretanto, não eram aceitas
pacificamente, geravam diferentes tipos de reação por parte dos dominados, que
variavam do roubo da castanha, às fugas quando endividados e até mesmo ao
enfrentamento com os “homens do patrão”, em que a violência se traduzia em
mortes, quer a mando dos patrões, quer da parte dos castanheiros, revidando
assim a exploração a que eram sujeitos”.
Para o pesquisador e historiador Bueno[2], a
borracha já era conhecida dos índios há muito mais tempo, era chamada de
“caoutchouc” a árvore que chora, o choro era o látex que escorria da árvore.
Enfim, sinA questão vergonhosa é que a exploração da borracha é das mais
trágicas formas de exploração humana, piores que a escravidão.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:
ATZINGEN, Noé C. B.
von - Vocabulário Regional de Marabá. 2ª edição, revista, ampliada e ilustrada.
Marabá: Fundação Casa da Cultura de Marabá, 2014.
BRANDÃO,
José da Silva – As origens de Marabá de 1590 – 1913, volume I. Editora
Chromoarte, 1998.
EMMI,
Marília Ferreira – A oligarquia do Tocantins e o domínio dos castanhais. –
Belém: Centro de Filosofia e Ciências Humanas/NAEA/UFPA, 1987.
JADÃO,
Paulo Bosco Rodrigues- Marabá. A História
de uma parte da Amazônia, da gente que nela vivia e da gente que a desbravou e
dominou, fazendo-a emergir para a civilização, de 1892 até nossos dias. Editora Prefeitura Municipal de Marabá, 1ª
edição, 1984.
LAGENEST, D. Barriel de – Marabá,
cidade do diamante e da castanha, Editora Anhambi S.A. São Paulo, 1958.
MATTOS, Maria Virgínia Bastos de –
História de Marabá. Revista e aumentada. Editora Fundação Casa da Cultura de
Marabá, 2ª edição, 2013.
SAMPAIO, Paulo – Soldado da borracha,
herói esquecido, 1ª edição, 2007
VIAGEM AO TOCANTINS – Livro apócrifo,
Editora Grafisa, Belém, Pará, 2ª edição, 1983.
NA INTERNET
www.youtube.com/buenasideias
https://seagro.to.gov.br/noticia/2012/9/4/maior-limite-de-credito-favorece-cultivo-da-seringueira-por-pequenos-agricultores/
https://seagro.to.gov.br/noticia/2012/9/4/maior-limite-de-credito-favorece-cultivo-da-seringueira-por-pequenos-agricultores/
[1]
Emmi, Marília Ferreira, A oligarquia do Tocantins e o domínio dos castanhais.
[2]
Bueno, Eduardo, Canal n Youtube “Buenas Ideias”
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