quarta-feira, 10 de maio de 2017

O Bairro Amapá no começo da história de Marabá

Imagens de satélite do Google Map
A primeira povoação da área da Cidade Nova que está registrada historicamente se deu através do Coronel Carlos Gomes Leitão em 1894, que preferiu estabelecer seu primeiro acampamento nesta área, por considerar a área onde hoje está assentada a Velha Marabá vulnerável as enchentes. Esteve na Cidade Nova e nomeou o local de "Quindangues". Leitão não fixou em definitivo seu acampamento na atual área da Cidade Nova, ficando o local novamente desabitado. Com o estabelecimento da povoação na Velha Marabá por Francisco Coelho e Francisco Casimiro de Souza em 1908, a área da Cidade Nova foi rejeitada como alternativa de povoação.
O Bairro do Amapá está integrado ao núcleo urbano da Cidade Nova, é o mais populoso dos distritos do município e o segundo mais densamente povoado. O distrito apropria-se do nome do bairro homônimo (Cidade Nova), que é o mais importante centro comercial do distrito e um dos mais importantes do município. É a segunda área de ocupação regular mais antiga de Marabá, primeiro foi o Francisco Coelho, tendo este processo iniciado ainda na década de 1920.
O povoamento da área da Cidade Nova está ligado aos fenômenos de enchente que atingem a cidade de Marabá desde os primórdios de sua fundação.
Durante a enchente de 1904 é esboçada a primeira possibilidade de povoação da área de Quindangues (Cidade Nova), como alternativa para a Velha Marabá. Conforme o nível do rio subia, mais famílias deslocavam-se para Quindangues. Entretanto com o cessar das chuvas e das cheias, novamente retornavam à Velha Marabá.


A Primeira ocupação do Bairro do Amapá


Imagem antiga do Porto de Canoinhas - Phot Bastos
Somente em 1926, após a grande enchente que atingiu a Velha Marabá e destruiu grande parte desta, inclusive a Igreja de São Félix de Valois, é que a área da Cidade Nova foi ocupada, tendo início pelo bairro do Amapá. Foi o intendente municipal, Anastácio de Queiroz, e o governo do estado do Pará, instituíram a "Benemérita Commissão de Soccorros aos Inundados", que dentre outras coisas, organizou a ocupação do bairro do Amapá e prestou assistência às famílias desabrigadas. Após o fim da enchente a maioria das famílias retornava para a Velha Marabá, mas aquelas que haviam perdido grande parte de suas posses preferiram permanecer no local, formando assim o primeiro grupo de moradores fixos da futura Cidade Nova .

Entre o final da década de 1920 e o início da década de 1940 a população do Amapá cresceu, conforme crescia a população da Velha Marabá. Neste período a grande safra de castanha e a retomada da atividade da borracha trouxe à Marabá uma grande quantidade de imigrantes, que permitiu a expansão da grade urbana da futura Cidade Nova. A enchente de 1935 também contribuiu para que um contingente populacional razoável se instalasse definitivamente no bairro do Amapá, permitindo ao mesmo, ganhar contornos urbanos mais visíveis.

Em 1947 mais uma grande enchente atingiu Marabá, e novamente a prefeitura precisou organizar a retirada das famílias flageladas para o bairro do Amapá e para a recém-criada vila de São Félix de Valois (atual distrito urbano de São Félix). Em consequência das contantes enchentes, a prefeitura de Marabá elabora os primeiros projetos para fixar novas famílias na Cidade Nova (ainda sob o nome Quindangues) em 1951, estimulando a instalação de agricultores, como forma de garantir o abastecimento básico de alimentos para o município.  Concentram-se neste período na área da Cidade Nova, atividades ligadas à construção e reparos de barcos e também a alguns serviços urbanos.
Em 1957, coincidindo novamente com uma grande enchente, formula-se o plano de desativação e retirada da população da Velha Marabá, transferindo-os para a área onde atualmente se assenta o Aeroporto João Correa da Rocha, no bairro do Amapá. A área foi limpa, demarcada e preparada para receber os novos moradores, entretanto houve forte resistência da população, que preferiu permanecer nas áreas vulneráveis.

Crescimento maior se deu na década de 1970

Moderno Aeroporto João Correa da Rocha - Foto: Arnilson
No início da década de 1970 a ocupação do bairro do Amapá já estava consolidada, apresentando inclusive sinais de estagnação. A situação reverteu-se quando se fez necessário a transferência da pista de pouso do município (até então localizada na Nova Marabá) para uma área mais ampla, escolhendo-se o sítio Quindangues, ao lado do bairro do Amapá. A construção da infraestrutura aeroportuária atraiu novos moradores para a região. No fim da década de 1960 finalmente o município liga-se ao território nacional por meio de uma rodovia (PA-70), e em 1972 Marabá recebe o trecho da Rodovia Transamazônica.
A rodovia Transamazônica e logo depois a Ponte sobre o rio Itacaiúnas, foram as peças chave para que o processo de ocupação da Cidade Nova acontecesse de forma mais intensa. A rodovia dividiu o antigo bairro do Amapá ao meio e levou diversas pessoas a se instalarem ao longo da rodovia (no Amapá era feita a travessia de balsas para a Nova Marabá). Com a inauguração da ponte, o trafego de veículos e pessoas em direção à Cidade Nova, cresceu consideravelmente.
Em 1973 foi iniciada a construção do conjunto Jarbas Passarinho, depois chamado de Vila Transamazônica, em função de estar localizado às margens da rodovia do mesmo nome. A Vila Transamazônica acabou sendo popularizada sob o nome de "conjunto Cidade Nova", pois era desta forma que os técnicos da COHAB a denominavam. Aos poucos o nome "Cidade Nova" foi sendo utilizado para denominar toda a área urbana que se localizava na margem esquerda do rio Itacaiúnas.
Em 1974 começaram as construções da sede do INCRA e das residências dos funcionários do órgão. A área do INCRA recebeu a denominação de "Agrópolis INCRA", também é chamada de Agrópois do Amapá, atualmente tem a função de bairro administrativo do município, sediando os mais diversos órgãos das esferas federal, estadual e municipal. Paralelamente a prefeitura de Marabá montou um posto avançado e organizou a ocupação dos bairros Parque das Laranjeiras, Belo Horizonte e parte do Novo Horizonte.
Mesmo tendo uma ocupação espontânea, a Cidade Nova apresenta uma organização urbana razoável, fato que não é observado no distrito da Velha Marabá. Após a consolidação da área da Cidade Nova (juntamente com a Nova Marabá), observa-se uma clara regressão da Velha Marabá, que deixou de ser o centro demográfico, político e econômico do município.
A consolidação da ocupação da Cidade Nova deu-se por diversos fatores, mas principalmente devido à sua topografia, que se distingue da Velha Marabá pela não vulnerabilidade às enchentes anuais e pelo parcelamento em quadrícula.

O Amapá abriga o Aeroporto João Correa da Rocha, o funcionamento por mais de 40 anos do Colégio Santa Terezinha, o lindo Hotel Del Príncipe, o Ministério Público Federal e Estadual, a Câmara Municipal, o Incra entre outros órgãos importantes.
  

O Porto das Canoinhas e o Turismo

Travessia com passageiros no Porto das Canoinhas - Foto: Arnilson
Percebe-se a localização estratégica do Bairro do Amapá, do Porto das Canoinhas ao atual Bairro Francisco Coelho, pouco é registrada historicamente a importância deste elo de ligação, principalmente em decorrência das sucessivas corridas dos moradores flagelados das enchentes da Velha Marabá e do intenso uso que se estima para acesso aos dois antigos bairros da cidade.
É natural que seja destacado o Amapá como um dos bairros pioneiros e o uso de canoas quando não havia a ponte sobre o rio Itacaiúnas, sendo esse o único acesso aos dois principais centros urbanos que havia. Também, para se chegar a Nova Marabá, tempos depois. 
Os bairro do Amapá, assim como o do Cabelo Seco, por sua importância histórica encontram-se esquecidos das gestões públicas. A cidade de São Luís do Maranhão é um bom exemplo da exploração de seus prédios e espaços históricos, muito diferente na sua arquitetura é claro, mas, ali os turistas conhecem o passado e se encantam. O bairro do Amapá bem que poderia ter um porto, uma orla, uma praça com monumentos atestando seu glorioso passado e o muito que serviu para muitas famílias flageladas pelas enchentes.
No Porto das Canoinhas muitos trabalhadores vivem do transporte de passageiros, pelas canoinhas até um ponto do outro lado do rio, na Velha Marabá. Enfim, trata-se de trabalhadores que precisam melhorar em muito sua condição financeira.

Referências


Texto compilado do publicado na internet, no endereço abaixo, com informações gerais e as fontes de referências necessárias:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_Nova_(Marab%C3%A1)

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