quinta-feira, 25 de maio de 2017

Mercado Municipal e Escola Sem Nome no Bairro do Amapá

Local abrigou uma Escola Municipal, depois Mercado. Foto: Arnilson de Assis
Francisco Ostácio da Silva Nunes, é um dos moradores antigos, nasceu e se criou no Amapá, é o nosso entrevistado, foi piloto de barco por 6 anos, viu a febre da castanha em Marabá na década de 1970 e, toda a movimentação se dava do outro lado, na Marabá Pioneira. Conduziu barcos no tempo em que havia trabalho para todos, serviu aos patrões Osório Pinheiro, Carlos Holanda, Antônio Lima e João Ferreira, sendo o maior barco que conduziu o Peruano, que transportava 230 hectolitros de castanha. A maioria das viagens era na busca da castanha que vinha de Tucuruí, viajou seguidas vezes, passando pelo Pedral do Lourenção tudo muito perigoso como passar nos Rebojos do Capitariquara, a Entrada do Canal do Inferno (ambos na Cachoeira do Itaboca, já em Tucuruí), tudo isso despertava muito respeito e cuidado com a possibilidade de acidentes.


Mercado Municipal Bairro do Amapá


Placa marca a existência do Mercado do Amapá
O funcionamento do prédio como Mercado Municipal do Amapá foi por pouco tempo, mais ou menos uns dois anos, a proposta não vingou. O pequeno prédio situado na Rua do Aeroporto, onde funciona esporadicamente aulas de Zumba. O mercado comercializavam muitos produtos que hoje são comercializados em qualquer um similar, mas, apresentava deficiência no abastecimento de farinha e carne de gado, entre outros itens, fato que fazia as pessoas a comprarem em outros lugares. Na época o mercado era abastecido pelo Sr. Miguel Pernambuco (já falecido), detentor de um Matadouro, logo depois começou a abastecer fortemente a Capital Belém. Entres os açougueiros do Mercado foram lembrados os seguintes nomes: Osvaldo, Antônio e Olavo como os primeiros a trabalharem no Mercado.


Escola Municipal "Sem Nome"


A abnegada secretária executiva do Conselho de Turismo de Marabá, Atainá Askanio fez uma descoberta, ou melhor, anunciou a existência de um prédio antigo, pequeno, basicamente uma sala e nele há uma placa de mármore, do Mercado Municipal do Bairro do Amapá. Algo curioso para muitos, não se tem notícia deste ponto comercial nos registros históricos, principalmente dos livros. Em conversa com um morador, antigo piloto de barcos que transportavam castanhas no trecho Tucuruí-Marabá, no prédio funcionou uma Escola Municipal, por 10 a 12 anos, era só esse nome mesmo. Então, dentro das previsões pode ter sido construído pelo então Prefeito Nagib Mutran (58 a 62). A escola nesta época seguia a linha dura do rigor com a disciplina, no tempo da palmatória, bastava um arrastado de tamanco, um barulho a professora reagia com a palmatória ou uma boa reguada. 

Na época do funcionamento da Escola, não era hábito ter um nome, era apenas Escola Municipal e, geralmente as Estaduais possuíam turmas mistas, antes era Escola Municipal Masculina e outra Feminina. Na lembrança do Sr. Ostácio foram apontados os nomes dos seguintes professores: Maria dos Prazeres, Ivonete, D. Margarida e Irene, que residiam no antigo Amapá, onde hoje é o Aeroporto da cidade.


O Serfhau no Contexto Histórico

O Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (Serfhau), conforme consta o nome na placa de mármore, foi um órgão que funcionou de 1964 a 1974, com a função de pesquisar os déficts habitacionais e assistir os municípíos na elaboração de seus Planos Diretores. Foi um órgão de planejamento do Governo Federal integrado ao desenvolvimento dos municípios. Entre as atribuições do Serfhau e de órgãos a ele relacionados, como o Banco Nacional de Habitação e o Serviço Nacional dos Municípios - SENAM. O órgão elaborava o Plano de Ação Concentrada, o Plano de Desenvolvimento Local Integrado e muitos Seminários e Cursos.

Este órgão (incorporou em 1967 as funções do SENAM), promovia cursos de curta duração para treinamento de funcionários municipais. Criou-se os Centros Regionais de Treinamento (CERTAM`S) e Municípios-Escola, que consistia em organizar, em um município selecionado para sede de projeto, uma equipa técnica de 4 a 6 membros, num período máximo de 6 meses. Os Municípios-Escola tinham como objetivos principais de promover uma reforma administrativa global da Prefeitura-sede, prestar assessoria técnica a outras da micro-região e promover cursos de administração municipal para os servidores municipais de toda a região atingida pelo projeto.

A criação de cursos foi uma das grandes contribuições do Serfhau, a seguir a Tabela dos Municípios-Escola de 1969 a 1973:


No IV Curso Intensivo de Planejamento Urbano e Local, realizado em junho de 1973, em Brasília, teve como objetivo geral contribuir para uma melhor compreensão dos problemas do desenvolvimento, controle e uso do solo urbano, dentro do quadro do processo de urbanização do Brasil, as discussões abordados os problemas pelo uso inadequado do solo urbano, como a especulação imobiliária e o aparecimento de vazios urbanos, as questões jurídicas e normativas sobre o uso do solo, entre outros temas de grande relevância.


Uma curiosidade

Uma curiosidade sobre o autor da obra Viagem, apócrifa em função de não se buscar mérito pela obra, no entanto, lendo vários livros, descobri por acaso o autor do livro, trata-se do Professor Leônidas G. Duarte, um ex-professor da Escola Estadual Masculina de Marabá, também relacionado como homens merecedores de homenagem póstuma, como registrado no Livro Mair-abá, coração de mãe.



Referências

VIZIOLI, Simone Helena Tanoue. Planejamento Urbano no Brasil: A experiência do SERFHAU enquanto órgão federal do Planejamento Integrado ao desenvolvimento municipal, Dissertação de Mestrado, FAU de São Paulo, 1998.

MONTEIRO, João Brasil. Mair-abá, Coração de Mãe, 2006, pag. 77. Editora Edsongraf.

MONTEIRO, João Brasil. Mair-abá, Coração de Mãe. 2006, pág. 112-113. Editora Edsongraf

DUARTE, Leônidas G. Viagem ao Tocantins. 2ª edição, 1983. Editora Grafisa Belém, pag. 29.

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