Barcos, barqueiros e rabeteiros

A palavra Amazônia é forte, lembra florestas, rios, animais entre outras coisas muito relevantes. Essa riquíssima região é cortada por vários rios, tamanhos e cores, já foi muito mais do que hoje, utilizada suas vias fluviais para o transporte de mercadorias entre a região Central do pais para alcançar o oceano através de Belém. Vieram as estradas e elas dominam até os dias atuais a logística de interligação entre as cidades, o rio ficou de lado com seus encantos. E com isso, havia barcos, barqueiros e rabetas. E disso que vamos pautar nossa postagem, deste potencial e elemento cultural.

Na atual conjuntura devemos focar essas pessoas e suas atividades, sobre o que fazem para sobreviver. Considerando a realidade, muita coisa ficou na história como o transporte por esses rios de muitas riquezas, da borracha, da castanha-do-Pará, peixes e mercadorias diversas.

De certo que nas circunstâncias de povoação de Marabá, seja no Burgo Agrícola do Itacaiúnas (1895) e mesmo a chegada no Pontal (1898), os rios Itacaiúnas e Tocantins foram decisivos. Nossa história tem o elemento rio facilitador na atração dos pioneiros. Muita coisa passava por esta região, O comerciante Thomaz de Souza Villa Real organizou uma frota de barcos e partiu de Belém no dia 05 de fevereiro de 1791, rumo a cidade de Goiás, então capital da Província do mesmo nome, a viagem foi feliz e lucrativa. Na volta, partiu da foz do Rio Vermelho que era Porto da capital, no dia 28 de dezembro de 1792 e chegou em Belém em 25 de fevereiro de 1793, quase dois meses depois.

Muitos barqueiros estão na ociosidade

Deixando um pouco de lado a história, vamos a uma visão da realidade dos muitos trabalhadores que tem no rio o seu objeto de trabalho. Fiz algumas visitas em três pontos da cidade, em épocas distintas. Fui no Balneário do Vavazão, não conhecia esse local muito bonito e encantador. Estive no Porto das Canoinhas no Bairro do Amapá, lá existe a interligação via barcos e canoas com a Velha Marabá. E, por último, na Orla do Rio Tocantins. O que vi em comum entre esses locais foi a nossa gente trabalhadora ociosa. Seus barcos e rabetas paradas, seus instrumentos sub utilizados ou sem serventia. Gente humilde que sabe trabalhar, tem os equipamentos necessários e não tem demanda.

Os barqueiros e rabeteiros fazem duplo trabalho, alternam entre o transporte de passageiros e a pesca para sobrevivência, a maioria deles tem essas atividades. Nelas há algumas dificuldades, são pescadores profissionais conhecem os rios, os peixes, as embarcações e saem para pescar e já não há peixes. Navegam para longe, para mais longe e depois já nem compensa o seu ofício diante de tantas dificuldades e despesas. Levar o peixe para casa ou para vender, ter um pouco de dinheiro para suprir suas necessidades e da família são coisas amargurantes. Estes trabalhadores ainda tem um pouco de alívio no mês de julho, mês onde o verão traz naturalmente as pessoas aos balneários, mesmo que estes não tenham programação as pessoas gostam das praias. Mas, quando se tornam fruto de ações e programações as coisas mudam  de figura. Saem de 2 mil para até 15 mil pessoas num único final de semana. Torço para que haja força e resistência dos barqueiros e rabeteiros, não quero o fim destas atividades, elas são essenciais ao turismo marabaense.

Texto e imagem: Arnilson de Assis