segunda-feira, 8 de maio de 2017

Marabá nasceu no Burgo e cresceu no Pontal

O Pontal na pintura de Domingos Nunes
O Burgo Agrícola do Itacaiúnas tinha o objetivo de desenvolver a atividade agropecuária, havia a necessidade de grandes áreas para a criação de animais para abastecer Belém, naquela época uma das maiores cidades do Brasil e dependia da importação de alimentos de outras regiões do país. As viagens para o transporte de gado era por via terrestre, a Estrada do Boi tinha uma extensão de 400 quilômetros, de Nazaré dos Patos (atual Breu Branco), no seu trajeto não se via um pé de gente, era muito sofrido para os boiadeiros e para os animais, tinham que atravessar os rios da região e não havia pasto pelo caminho, razão pela qual o gado perdia muito peso. A viagem durava meses. Pense numa aventura.

Em 1895 chegaram ao Burgo Agrícola do Itacaiúnas Francisco Coelho e Francisco Casemiro de Sousa, tangiam uma boiada rumo a Nazaré dos Patos, para abatê-la, e consequentemente venderia a carne verde para Belém. Chegaram muito cansados, resolveram ficar ali por alguns dias até que o gado se repusesse um pouco. Eles ficaram interessados com a descoberta do caucho e início da produção de borracha. Percebendo o interesse dos boiadeiros Carlos Leitão fez-lhe o convite para vir para o Burgo em definitivo e explorar o mercado de carne e outros negócios.


Venderam o gado para Leitão, mandaram buscar as famílias, montaram um açougue e um comércio de bebidas e armarinho. Ganharam muito dinheiro e Francisco Coelho resolveu buscar mulheres de vida livre do Maranhão para servir aos caucheiros. Este fato desagradou as famílias que pediram as providências ao Coronel, este, como um bom negociador propôs a Francisco Coelho e seu sócio Francisco Casemiro de Sousa que se instalasse em outro local. Apanharam um ubá e rumaram  rio Tocantins acima, alcançaram a Foz do Itacaiúnas. Carlos Leitão mostrou-lhe o Pontal, lugar da junção dos dois rios e disse-lhe que aquele ponto era ótimo, atenderia os navegadores dos dois rios e se prontificou a organizar o mutirão de todo o pessoal do Burgo, para a construção de sua nova instalação. O local agradou, foi aceito por Francisco Coelho e seu sócio.

Casa Marabá ao Centro, ampliação da pintura de Domingos Nunes
A Borracha veio facilitar o trabalho árduo e o mercado consumidor passou de Belém para o Burgo, onde a extração da borracha estava a pleno vapor. Mudou-se repentinamente a vocação da colônia agrícola do gado para a borracha, já havia até o mercado especulativo e o desenvolvimento da prostituição no “Pontal”, que passou a ser uma senha comercial de Francisco Coelho e que isto desagradava as pessoas do Burgo do Itacaiúnas fato que provocou a mudança deste para o Pontal.

Casas simples situadas no Pontal
No Pontal construíram um “Barracão”, dividido em quatro cômodos, um para o comércio, um para o depósito, outro para moradia e um amplo salão para dança dos boêmios e assim foi feito. No dia 27 de junho de 1898 foi feita a Festa de Inauguração do “Barracão”, com grande presença de pessoas que vieram do Burgo e de outros locais vizinhos. Houve discursos e durante a sessão cívica da festa o sargento reformado Francisco Casemiro de Sousa, sócio de Francisco Coelho, pediu a palavra e recitou a poesia “Marabá”, de autoria de Antônio Gonçalves Dias.

Marco histórico situado no Francisco Coelho
Observação: O Pontal é atualmente chamado de Bairro Francisco Coelho ou Cabelo Seco. Sobre imagens antigas do Pontal, não foi possível encontrar. Mas, esse local da pintura deu origem ao Bairro e nele há uma Praça, Escola e muitas residências. 

Também há um pequeno monumento, bem simples, apontando o local onde nasceu Marabá, bem próximo do fim da parte terrestre, na ponta do pontal, confluência entre os rios Itacaiúnas à esquerda e à direita o Tocantins. Enfim, foi no Pontal que a cidade começou os seus avanços, ampliou o número de moradores e se organizou.


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