sábado, 5 de novembro de 2016

Turismo, Desenvolvimento de Vocações Econômicas

Foto: http://agenciapara.com.br/Fotos/7630#&gid=1&pid=1
Em face do momento crítico da saúde financeira da cidade, emergem especulações sobre essa ou aquela atividade que vai trazer o desenvolvimento para Marabá. Até parece uma ladainha. Divulgam-se, tiram-se fotos de reuniões e logo estas vão para as páginas dos jornais. Um jornal local publicou a seguinte manchete na sua capa: "Siderúrgica à Vista". E essas conversam vão se proliferando e criando expectativas e os comentários são otimistas, "Você viu a notícia boa? Da siderúrgica que virá?" Outros já falam dos parceiros e a coisa vai crescendo sem avaliações mais criteriosas.
Os políticos são hábeis em fabricar factoides. Mas, muitos gostam da especulação e nem percebem que foi divulgado que seria formado um grupo de estudos. É esse jogo de cena dos políticos que precisamos sepultar. Se foi formado um grupo de estudos, então, é porque a questão precisa de maiores subsídios. Não estou me opondo ao desenvolvimento, apenas vejo que a pressa de alguns atrapalha.

Até parece um jogo de como fazer política, fabricar votos. Prometem que Marabá vai levar o desenvolvimento através da mineração para todo o Estado. Enchem demais a bola e tudo fica sem informação, parece especulação. Investimentos milionários, quer dizer, bilionários, da iniciativa privada. Dizem que tal medida será uma importante alternativa para o fortalecimento da economia local e blá, blá, blá. Eu vejo que muitas ações empresariais demandam muito tempo para acontecer. E a coisa vai se propagando ininterruptamente na imprensa, até parece fogo em palha seca.

Estes assuntos pautam o desenvolvimento da economia do município e do Estado, parece um violão de uma corda só, sempre a mesma coisa, a mesma vocação e, no concreto, no hoje, nada acontece. Vai acontecer um dia, tá certo, não agora. E o que devemos fazer agora? Esperar os resultados da mineração, por exemplo? Seremos o maior produtor de minérios do Brasil em 2017. Mas, tudo isso não desenvolve a região, há muito de sacrifício para a manutenção dessa produção que não gera impostos e nem serve de base para a construção de uma escola pequena. Essa riqueza mineral some, os recursos gerados também, para onde vai ninguém sabe. 

A Cidade de Marabá é vista apenas por ser um entroncamento logístico e a proximidade com as minas de Carajás, estrutura de apoio ao capital externo, os benefícios destes investimentos não chegam até a população que continuará população pobre, e não move um milímetro o IDHM. As vocações dos municípios são deixadas de lado, a produção através das políticas tem apenas um foco., a mineração. 

Ainda persiste a visão que as vocações importantes como fatores de produção são: a agricultura, pecuária, indústria e comércio, bem simples assim. Não abrem os olhos para o setor turístico que também é um setor de produção e de consumo e que requer muito menos investimentos. E a realidade é que não se investe no potencial turístico, não se faz um planejamento com especialistas sobre o que pode ser implantado através dos nossos rios, praias, lagos, nossas florestas, cachoeiras, prédios históricos, igrejas, nossos museus, nossa gastronomia, nosso Zoobotânico e a nossa cultura local. Enfim, podemos pensar em planejar o envolvimento empresarial do setor hoteleiro, restaurantes, grupos de artesanatos, barqueiros, rabeteiros e etc, fazendo-os participarem de treinamentos para uma boa recepção aos turistas.

Essas medidas levam um tempo para serem implementadas, não acontecem do hoje para o amanhã. Precisam começar. Mas, tem a vantagem de consolidar uma estrutura econômica sólida que será mantida por longo prazo e os benefícios visíveis modificarão a cara da cidade, mais limpa, bem cuidada, bem arborizada, sinalizada e acessível para todos. Hoje não conseguimos computar o que estamos deixando de ganhar. Quer dizer, estamos perdendo com a diminuição e desvalorização da vocação turística, mesmo com a construção do Centro de Convenções de Marabá não saberemos como viabilizá-lo financeiramente pois, falta planejamento municipal e estadual. Corremos o risco de termos um "Elefante Branco" e milhões investidos sem retorno.

A falta de visão da vocação turística, ou a falta de explorá-la tem causado desconfortos financeiros aos empresários, eles estão sozinhos no campo de batalha. O sucesso de alavancar o turismo vai se refletir de várias formas, através da preparação de mão de obra especializada em serviços como os guias, recepcionistas, vai incentivar a população de Marabá a se profissionalizar para atender aos turistas,o setor gastronômico poder´se expandir e abertos novos estabelecimentos. Toda a cidade poderá ser impactada positivamente, como o do transporte coletivo, haverá a geração de mais empregos e o comércio será revigorado.

Enfim, o litoral nordestino até há pouco tempo atrás não explorava o turismo como uma forte vocação. Hoje percebemos as grandes transformações alcançadas, tornou-se um polo receptivo turístico fantástico nacional ou para gringos, com excelente rede hoteleira de todas as categorias. Tudo foi feito para se tornar atrativo aos visitantes, a culinária foi aperfeiçoada, os entretenimentos que antes não haviam fez a região se destacar no cenário turístico nacional e o crescimento é contínuo. Se nós temos tudo que o turismo precisa,se temos turismo para gringo ver, então, a coisa precisa andar. Enquanto isso, podemos dizer que a Região Norte ainda não se atentou para o que existe na Amazônia Brasileira, seus rios, suas lendas, sua riqueza ambiental insuperável. E isto também é refletido em Marabá. A mineração vai com tudo e a vocação turística ainda dorme passivamente.

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