O tempo está
fechado na área do turismo, com embates e discussões sobre a instalação de uma
agência para a promoção do setor fora do Brasil. A medida, que poderia ser
interessante para buscar visitantes estrangeiros, gerou uma verdadeira cisão na
área, em função da fonte dos recursos para a sua criação.
O Governo
Federal preparou uma Medida Provisória retirando R$ 200 milhões do orçamento do
Sebrae destinados aos projetos turísticos nos estados. Esses recursos são
aplicados na implantação de rotas turísticas, selos de qualidades de
restaurantes e outros projetos em curso.
Ou seja: se
tiraria dinheiro de ações já estruturadas,
visando à melhoria das pequenas e
médias empresas nos estados, para realizar festas e feiras no exterior. Outro
detalhe polêmico é que esses recursos podem sair do caixa já no próximo mês,
caso o presidente Michel Temer aprove a MP, interrompendo programas já
existentes.
O presidente
da Embratur, Vinícius Lummertz (ex-diretor técnico do Sebrae), foi o mentor da
proposta de implantação da agência e fez uma consulta ao setor. Em um primeiro
momento, as entidades nacionais responderam positivamente à criação da agência,
mas não consultaram suas bases nos estados. Resultado: muitas dessas entidades
estão revendo agora a sua posição.
POLÊMICA 1
NEGOCIAÇÃO COM MINISTÉRIOS
Na próxima terça-feira,
o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, terá reunião em Brasília com
os ministros da Casa Civil, Relações Exteriores e Turismo. A sua missão é a de
reverter a situação. O Sebrae atua na qualificação de pequenas empresas do
turismo há mais de 20 anos, o que conta bastante no relacionamento com as
entidades.
O Sebrae
Nacional mostrou que isso também será utilizado em sua defesa, devendo ser
apresentada a posição da Unecs (entidade formada pela Abrasel, CNDL, Abras,
CACB, Abad, Alshop e Anamaco), que defende a manutenção dos recursos para os
pequenos negócios.
POLÊMICA 2
MODELO INEFICIENTE PARA OS PEQUENOS
Ontem,
também foi disparado um alerta ao Fórum de Turismo, no qual foi levantada a
possibilidade de uma manobra da Embratur, com o objetivo de favorecer destinos
do Sul e Sudeste.
A proposta
vem do Ministério do Turismo, defensor da criação de uma agência para a
promoção de pequenas e médias empresas no exterior, em um modelo semelhante ao
da Apex.
O diretor
técnico do Sebrae-CE, Alci Porto, argumenta que a medida esvaziaria as ações
nos estados. “Somos inteiramente a favor que o governo recomponha os recursos
indevidamente retirados da Embratur para que a mesma exerça seu papel, mas é
preciso que se abram algumas informações a todos: o Sebrae já investe
fortemente na preparação das empresas e roteiros turísticos”, acrescenta.
Uma agência
com o modelo da Apex (Apex do Turismo), na sua avaliação, representa uma
iniciativa na contramão do momento atual. “A última Apex criada para promover
as pequenas empresas no exterior nunca cumpriu o papel prometido”, argumenta.
POLÊMICA 3
R$ 15 MILHÕES A MENOS NO CEARÁ
Estados como
o Ceará, que precisam de investimentos em qualificação, podem sentir com mais
intensidade a perda de orçamento do Sebrae. Atualmente, a criação de rotas
estratégicas para fomentar o turismo no Interior depende desses recursos.
Existem
programas como as rotas de Baturité, do Geoparque do Araripe e da Ibiapaba
(inclusive agora com a qualificação de mosteiros), além de planos para a
implantação de rotas gastronômicas e religiosas em Fortaleza.
O corte de
R$ 200 milhões no orçamento do Sebrae Nacional representa a perda de 30% dos
seus recursos. No caso do Ceará, seriam R$ 15 milhões a menos e a possibilidade
de interrupção dos projetos.
POLÊMICA 4
ABIH CONTRA O PROJETO
A Associação
Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-Nacional) foi uma das entidades que se
posicionou contra a criação do projeto desde o início. O vice-presidente da
entidade, Manoel Cardoso Linhares, diz que é contra qualquer corte de recursos
do Sebrae. “É um absurdo o que estão fazendo. Deveriam taxar o Airbnb e tirar parte
dos recursos para a promoção lá fora”, reforça.
O empresário
destaca que a hotelaria nacional está quebrando em função da concorrência e que
não se deve tirar recursos de um órgão com o orçamento em curso.
POLÊMICA 5
BRIGA COM O AIRBNB
O setor
hoteleiro tem sentido os efeitos da baixa estação e procura negociar formas
para taxar a concorrência. No caso de Fortaleza, a Prefeitura já foi procurada.
Os hotéis querem que os serviços do Airbnb sejam taxados não apenas com o ISS,
mas também com os outros impostos que os hotéis pagam.
POLÊMICA 6
100 MIL HÓSPEDES NO CARNAVAL
A Embratur
já tinha provocado a hotelaria nacional quando fechou o patrocínio das
Paralimpíadas 2016 com o Airbnb. Agora, com a proposta de criação da agência, a
entidade pode ganhar o troco.
Para piorar
a provocação, a Airbnb anuncia que deve receber 100 mil hóspedes no Brasil
durante o Carnaval.
Fonte:
http://www.opovo.com.br/jornal/colunas/opovoeconomia/2017/02/sebrae-pode-perder-r-200-mi-destinados-ao-turismo.html
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