sábado, 27 de fevereiro de 2016

Novas Praças em Marabá, para quem?

A Democracia surgiu dos debates em praças públicas. Imagem Internet
Nesta postagem uma visão do que é uma praça pública, sua origem e como anda a preservação, funcionamento, construção e reformas destes espaços públicos em Marabá. Agora com a questão do turismo avançando, com o funcionamento do Conselho Municipal de Turismo e o interesse em se ofertar espaços para nossos turistas, pretendemos refletir um pouco sobre este tema. Praça é qualquer espaço público urbano livre de edificações, que possibilite o uso à população para recreação ou convivência onde costuma-se priorizar os pedestres, descartando o uso para veículos.
As praças que possuem grandes áreas verdes e jardins recebem o nome de largos. Os primeiros espaços urbanos projetados para cumprirem o papel que hoje é dados às praças são: a ágora, para os gregos, e o fórum, para os romanos. Na Grécia as praças eram espaços destinados a grandes aglomerações de pessoas, destinados a prática da democracia direta, para discussão e debate de ideias entre os cidadãos. O fórum romano, que já não era uma praça pública,  tinha a característica de ser espaço fechado de discussão, com restrição dos participantes.
A Democracia surgiu graças ao desejo dos gregos de se expressarem publicamente suas ideias e argumentos. Todos sentiam a obrigação de falar bem em público que se tornou uma arte aprendida e ensinada. A palavra é composta do termo "demo" que significa povo e "kracia" que quer dizer governo. A partir deste conceito o povo ganhou o direito de participação no poder e o direito de possuírem os mesmos direitos e tratados da mesma maneira e, o direito de expor em público seus interesses e opiniões e enfrentar o debate de ideias sendo aceita a argumentação ou rejeitada pela maioria. A democracia ateniense era direta, "governo do povo, pelo povo e para o povo". 

O Conceito de Praça em Marabá e os Iluminados
Praça Francisco Coelho. Foto: Arnilson de Assis
Em Marabá, como em outras cidades brasileiras as praças públicas são discutidas em gabinetes refrigerados por mentes iluminadas que conseguem absorver o pensamento e as necessidades da população, pelo menos é o que eles acham. Quem entra nesse debate? Não se sabe, porém, ficamos à mercê da sorte do bom gosto deste ser que, muitas vezes é o prefeito ou um secretário municipal, quase sempre não é um arquiteto, engenheiro civil ou ligado aos aspectos culturais e históricos, simplesmente alguém do ciclo de influência do gestor municipal.
Praça São Francisco. Foto: Arnilson de Assis
De certo, o que se vê são espaços que deveriam ser público tomado por ambulantes, barraqueiros que não atendem às normas de postura e de respeito ao direito de ir e vir, são ocupados por pessoas que, com o tempo tornam-se donos destes espaços. Quem deveria administrar essa situação? Deixar esses espaços em perfeita harmonia com o urbanismo, com a natureza, em
Praça São Francisco. Foto: Arnilson de Assis
respeito à população, esse deveria ser o papel da gestão pública. Se estes locais já não primam pelo bom gosto, também deixaram de ser espaços públicos. E isto vem acontecendo com a Praça São Francisco onde os barraqueiros, vendedores de comidas, lanches e uma infinidade de pequenos negócios e não se preocupam com o lixo  jogados ou acondicionados em frágeis sacos plásticos que se rasgam e espalham sujeira e fedor.
Poucas praças em Marabá oferecem condições de recreação, de caminhadas, de se fazer ginástica. São praças comuns que se utilizam-se de materiais baratos. Não há nelas condições de caminhar ou de correr, de se tirar uma fotografia de lembrança. O piso de bloquetes apresentam irregularidades e não estão adequados para grandes aglomerações . Também não dá para se praticar a democracia como na ágora grega. Academias de ginástica também não existem e poucas realmente retratam e edificam seus vultos históricos com um monumento, por exemplo.

Mossoró - RN, Cidade de Belas Praças
De muitas cidades que primam por investir os recursos públicos em praças bonitas e bem cuidadas, merece toda a minha admiração a Cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Essa cidade de pouco mais de 250 mil habitantes abrigam praças lindíssimas. E isto retorna à administração pública na forma de impostos recolhidos dos milhares e milhares de turistas que a visitam. 
São espaços amplos com lindíssimos coretos, chafariz, que servem para apresentações culturais, para exposições, para aulões de ginástica, jump, caminhada, ginástica laboral e jogos esportivos. Eu acredito que uma praça não deva ser um lugar para tudo, também, não deve ser um lugar apenas para ambulantes. Acredito que é possível possa ter algumas com o objetivo da prática de exercícios físicos, por que não? Elas podem ser uma academia ao ar livre para todos, para a turma da terceira idade com equipamentos que incentivam a prática de exercícios físicos voltados para a saúde e o bem estar, para fazer alongamentos, fortalecer a musculatura e trabalhar a resistência aeróbica. Por que não

O Caminho errado para as Novas Praças e Reformas em Marabá
Praça em Construção em frente ao SESC
 Enfim, sabemos da construção de uma praça em frente ao SESC na Cidade Nova, e como será ninguém sabe. Sabemos que haverá reforma na São Francisco, como ficará a nova praça? Que haverá de novidade? Que será reformada a de São Félix de Valois (Praça Cipriano Santos) e como ficará quando terminar a obra? Que a Duque de Caxias também será mexida e nada disso sabemos.
Praça São Francisco
As praças públicas podem servir à população e à cidade, considerando-se os aspectos culturais, históricos e de lazer. Acho que essa reflexão é importante. As praças são espaços públicos e como tal devem atender aos mais diversos direitos do cidadão, além do ir e vir, de se ter espaços limpos e condições de convivência. 
Esse texto vem me
Piso da Praça de São Félix, próximo a Toca do Manduquinha
atormentando à dias. Estamos numa caminhada para fortalecer o turismo da Cidade. As praças são equipamentos de convivência, histórico, culturais, naturais e turísticos e, não podemos abrir mão do direito de debater sobre essas obras. Já que vi que a construção de uma delas não recebeu aprovação do DNIT, pois será construída à margem da Rodovia Transamazônica. E pelo que vi, apenas no começo da obra, não faria desta forma. Se somos um país democrático e há o direito da participação popular, da participação de secretarias afins, dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente, de Cultura, de Turismo e de outros mais, a falta do envolvimento destas entidades e da sociedade civil organizada vai trazer várias insatisfações após a conclusão da obra.
Este espaço não tem o objetivo de criticar ninguém, mas, vejo que o Prefeito e o Secretário de Urbanismo perdem uma grande oportunidade de dar um grande bem para a cidade e, pelo visto, só vai causar insatisfação popular. Eu já estou incomodado, a minha consciência não me dá sossego e ficar calado está muito difícil. As nossa praças refletem uma visão pequenina do simples ato de se fazer, não serão espaços voltados para algum tipo de conforto e convivência da população. Pensem nisso, por favor.
Autor: Francisco Arnilson de Assis, cidadão marabaense.

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