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Foto: Arnilson Assis |
A Comissão Especial de Desenvolvimento da Câmara de Vereadores de Marabá atendeu a nossa solicitação para uma reunião sobre o Turismo de Negócios e Eventos. A reunião aconteceu na Sala de Comissões do legislativo municipal, no dia 17 de novembro do corrente ano, às 15 horas com a participação dos vereadores Pedrinho Correa e Guido Mutran, juntamente com inúmeras pessoas do segmento turístico. O texto abaixo traz as falas, as reclamações e os desabafos dos participantes sobre uma vocação econômica do município ignorada pela gestão atual.
Guido Mutran - Vereador - Presidente da Comissão Especial de Desenvolvimento:
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Foto: Arnilson Assis |
- O turismo é uma potencialidade que não é explorada. Essa casa já debateu sobre o setor do agronegócio, pecuária, indústria e comércio e o turismo é tão importante quanto todos estes aqui, porque forma cadeias. Quanto a esse assunto, lembramos dos municípios de Canelas e Gramado que vivem basicamente do turismo, mas, é tão organizado que os moradores sabem receber com muita cordialidade os visitantes. A recomendação do presidente da Câmara Miguel Gomes Filho é para a gente fazer uma análise sobre o assunto e o desenvolvimento de Marabá e este tem condições e não é explorado.
- Chegou em minhas mãos informações sobre um recurso que a prefeitura está recebendo de um convênio no valor de R$ 437 mil, emenda do deputado Lúcio Vale e, no entanto, eu sei que secretário de turismo não temos.
- Queremos após esse debate começar a planejar um grande seminário. Pela nossa localização e agora com o Centro de Convenções vamos poder expandir a questão do turismo.
Pedro Correa - Vereador - Secretário da Comissão Especial de Desenvolvimento:
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Foto: Arnilson Assis |
- Essa Comissão foi criada com o intuito de debater todas as questões do Desenvolvimento de Marabá. Um dos papeis da Câmara é de reunir com todos os segmentos para dialogar, buscar conhecimento, ideias, para a solução dos nossos problemas. Realmente o objetivo é realizar um seminário para resolver os problemas que nos afetam. O seminário que queremos é para trazer objetividade e há um grupo que já está preparando a mais de três meses. Nós queremos ouvir os problemas e ouvir as propostas.
- Tenho presenciado o Dauro Remor fazer apresentações sobre o turismo, razão pela qual, solicitei que viesse mostrar todos os problemas e as alternativas de se implantar esse potencial na cidade.
Dauro Remor - Presidente do Sindicato dos Hotéis de Marabá
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Foto: Arnilson Assis |
- Obrigado e é um prazer discutir turismo. Mas, já estou cansado de debater o assunto e não vê-lo avançar, não sai do lugar. Eu quero dizer que Marabá, pelas suas características já é um polo regional e que o turismo existe, a gente precisa ter a noção clara do que representamos dentro do contexto regional, estadual e nacional no turismo.
- A apresentação que eu vou fazer é em cima do Centro de Convenções de Marabá, que vai ser o principal equipamento e que vai nos colocar em nível nacional como destino turístico. Temos característica de polo regional e não temos potencial nacional, não pensem que o rio, a praia e outras belezas naturais nos coloca como destino nacional, somos polo de turismo regional. As pessoas que veem à Marabá chegam a trabalho, somos um destino de turismo de negócios.
- Os nossos atrativos naturais são fantásticos e isso nos coloca como destino regional. Isso foi avaliado pela Secretaria de Estado de Turismo, no governo de Almir Gabriel, primeiro mandato e se criou toda a cadeia que existe no Estado. Sou um crítico, acho um absurdo nos colocar no eixo Araguaia-Tocantins, que começa em Barcarena e acaba em Conceição do Araguaia. Difícil considerar a ligação que há entre Barcarena e Conceição do Araguaia, inclusive as identidades culturais de Conceição estão muito mais para o Goiás que com o Pará e lá nem se escuta um Carimbó. É um erro estratégico difícil de ser consertado.
- O turismo é o maior negócio do mundo e hoje a França recebe 42 milhões de visitantes por ano, com a questão do turismo, está com um problemão para resolver, o terrorismo.
- Nós vamos receber o Centro de Convenções e não vamos ter condições de colocá-lo para funcionar rapidamente. Um evento de grande porte precisa ser trabalhado dois anos antes, captando o evento com dois anos de antecedência. Se recebermos em meados do ano que vem, a não ser pequenos eventos, não vamos conseguir captar nenhum evento a nível nacional antes de 2018, 2019, se tivermos criados a infraestrutura de apoio necessário. Não se tem incentivo a cultura, a música, a dança, o artesanato e, se você traz o turista hoje e se ele passar dois dias, três dias, você vai levá-lo aonde? Nós não temos casas de espetáculos, não temos casas de shows organizados. É uma cultura, toda a sociedade tem que pensar a cidade como potencial turístico que já existe e precisa se organizar.
- Nós somos o entroncamento de toda essa região, com as rodovias, a hidrovia para todas as regiões. O Convention Bureau é o instrumento que a iniciativa privada utiliza para captar eventos no Brasil inteiro e traz para sua região, é sem fins lucrativos, composto por pessoas do trade turístico, cada um dando a sua contribuição, podendo essa entidade receber recursos do governo através de convênios e da iniciativa privada que utilizarão esses recursos na captação de eventos. Também tem a finalidade de dar suporte para que os investidores tenham conhecimento onde e quando investir.
- Para tornarmos Marabá um destino atrativo será necessário termos toda a cadeia produtiva do turismo, equipada e capacitada, pois o Centro de Convenções tem capacidade para realizar 20 evento simultâneos e vamos precisar dar total suporte de técnicos e profissionais diversificados.
- Marabá vai se consolidar como polo de eventos do sul do Pará com o Centro de Convenções desencadeando um processo de demandas para pequenos eventos que virão a reboque dos grandes com as grandes empresas instaladas na região trazendo seus eventos regionais para cá.
- Vamos ver alguns número do turismo, são informações de três anos atrás sobre São Paulo: é a Capital Sul Americana de Feiras de Negócios; realiza um evento a cada 6 minutos; gera 500 mil empregos diretos e indiretos; promove uma feira de negócios a cada 3 dias; a receita com eventos por ano é de R$ 2,9 bilhões; movimenta 35 mil empresas expositoras; gera para o município R$ 500 milhões em imposto por ano; a permanência média do turista é de 4 dias; US$ 850 milhões em viagens, hospedagem, alimentação e transporte.
- O governo de São Paulo tem participação na promoção de importantes eventos turísticos: GP Brasil de Fórmula 1; Parada Gay; Virada Cultural; Reveillon na Paulista; Bienal do Livro; Carnaval; Equipotel e SP Fashion Week. São Paulo recebe por ano 20 milhões de turistas.
- Alguns gargalos locais precisam ser enfrentados por todos, principalmente por questões que envolvem o setor público municipal para investir em infraestrutura básica nos três principais núcleos e reurbanização das entradas da cidade; focar em projetos de incentivo a cultura, lazer, folclore e artesanato; políticas de incentivos para apresentações culturais; projeto de sinalização vertical, sinalização turística; material promocional do município com ênfase em seus principais atrativos.
- De cada R$ 1 investido pelo poder municipal em infraestrutura o setor privado investe R$ 5 e, se tivéssemos um investimento de R$ 2 milhões e 600 mil que é o valor que consta no orçamento do Plano Plurianual do Turismo, haveria cerca de R$ 13 milhões de investimentos do setor privado revertido. Um exemplo bem claro, a Praça de São Francisco antes era uma tristeza, hoje está bagunçado, antes da construção da praça a coisa era lastimável, passava uma rua no meio e havia muitos barracos de madeira dos camelôs e, a prefeitura construiu a praça determinado valor e, hoje, o que existe de investimento ao redor que não haveria na condição anterior. Também, a Orla do Tocantins, como era antes, poucos bares e agora há muitos.
- Devemos nos conscientizar que não estamos numa ilha de prosperidade, perdemos 11 voos de empresas aéreas e os nossos hotéis já não recebe turistas como antes.
- Vamos competir com o mundo todo, como destino turístico e, para sobrevivermos será necessário entendermos que precisamos de produtos com preços competitivos e serviços com qualidade internacional, precisamos criar o Convention Bureau para captar eventos, buscar parcerias com as entidades visando a capacitação dos empresários e dos colaboradores e acreditar que o turismo será uma das atividades mais importantes para a nossa região.
- Hoje somos polo regional: na Educação, nos próximos 10 anos vamos 20 mil alunos universitários; na Saúde o Hospital Regional está sendo ampliado, na Cultura, na realização de Eventos e Lazer e precisamos ter foco no setor de serviços visando o Centro de Convenções. São cinco setores que vão ser potencializados nos próximos anos.
Pedro Correa - Vereador - Secretário da Comissão Especial de Desenvolvimento:
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Foto: Arnilson Assis |
- Eu quero destacar uma ausência, muito percebida por nós, fizemos o convite a Secretaria Municipal de Turismo, através do seu representante, não apareceu, até o momento. É uma demonstração clara do que foi falado da falta de iniciativa do poder público municipal, quero também transferir um pouco dessa responsabilidade para essa casa.
- Nós temos as comissões temporárias, comissões permanentes. Temos comissões que trata da saúde, que trata do comércio, da educação e não temos a comissão do turismo, que precisa ser destacada. Tanto é que, essa reunião surgiu do contato, Arnilson que tivemos. Nós achávamos que já tinha contemplado todos os setores econômicos sem tocar no turismo, que não consta na casa. Vou fazer uma proposição que seja inserida nas Comissões Permanentes.
- Quando recebemos o orçamento para 2015 a Secretaria de Turismo seria contemplada com com R$ 654 mil para todo o ano, pequeno e insignificante. Fiz emenda para incluir mais R$ 1 milhão e orçamento ficou de R$ 1,654 milhão aprovado.
- Destaco a diversidade dos participantes desta reunião, temos representante do setor dos mototaxistas, agências de viagens, do setor de hotéis, associação dos barqueiros, táxi lotação e outros segmentos.
Francisco Arnilson de Assis - Diretor do Sindicato do Comércio (Sindicom):
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Foto: Ísis Mourão |
- Aproveito para destacar uma missão empresarial através do Sebrae à Capital, na Feira Pará Negócios 2015, de 5 a 8 de novembro e, foi maravilhoso ver o stand do município de Vitória do Xingu, mostrando para todos os frequentadores, material promocional de primeira qualidade de seu potencial turístico. A cidade tem apenas 13 mil habitantes e, tem condições de manter em funcionamento a Secretaria de Turismo e, Marabá a Metrópole de Carajás não tem? Como que não tem? Nós temos 1.600 leitos de hotéis, agências de viagens, vai ganhar o Centro de Convenções, Aeroporto reformado e ampliado para operar 600 mil passageiros por ano.
- Estamos inseridos no centro de uma região de aproximadamente 2 milhões de habitantes e, muitas destas cidades há uma forte dependência de nossa estrutura.
- No passado o turismo funcionava através de um departamento e que não promovia a atividade turística. A Setur foi criada em 2008 e tivemos uma secretaria que trabalhou muito nos três primeiros anos. No atual governo, foi colocada uma pessoa que não tinha competência com a atividade e não conseguiu trazer avanços. E, desde o ano passado estamos sem Secretário. A pessoa que representa a Setur não tem portaria e, também não está capacitado.
- A minha preocupação é que a Setur pode passar por uma fusão com outra secretaria ou mesmo voltar a ser um departamento. Enfim, quero pedir para que não voltemos no tempo e retrocedamos. Vitória do Xingu consegue ter uma secretaria de turismo muito ativa e, nós não podemos ter também? Então, precisamos reativar a Secretaria de turismo.
Ísis Mourão - Turismóloga e Coordenadora da Secretaria de Indústria e Comércio:
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Foto: Arnilson Assis |
- Em 18 anos que atuo no turismo essa é a primeira vez que sou chamada à essa casa. É inédito e fiz o maior esforço convocando mais pessoas para virem. A gente tem sim turismo em nosso município, mas, quando se refere a gestão pública a gente não tem.
- Na gestão pública o turismo está passando por uma barganha política, não como uma atividade de desenvolvimento que vai gerar capital social e financeiro, gerador de empregos.
- Os municípios, como o Arnilson falou, que investem no turismo, que possuem prefeitos que entendem que se trata de uma alternativa de desenvolvimento e investe na infraestrutura para avançar, como o Dauro falou, investimento público e privado.
- O nosso turismo não vai conseguir sobreviver sem capacitação, eu procuro o hotel mais eficiente, o barqueiro que atende melhor.
- É preciso fortalecer, criar a representatividade do setor e defender politicamente o turismo. E isso a gente ainda não tem.
- Sem fomento, sem planejamento estratégico, sem gestor comprometido, nós não vamos para frente.