quarta-feira, 8 de março de 2017

Cine Marrocos é um centro cultural

Crédito: Arnilson de Assis
Hoje a vida passa na TV, mas, no passado, em Marabá passava era no Cinema. Nos anos 1940 ainda não havia a televisão e tudo acontecia prá valer nas telas do Cine Marrocos. Um privilégio para um começo de cidade. O Cine Marrocos atualmente é gerenciado pela Secretaria de Cultura, o prédio bem preservado revela sua nobreza com um lindo palco, escadarias, muitos lugares e ambiente super climatizado. Encontra-se em excelentes condições, desde que foi restaurado em 2002 na gestão do Prefeito Sebastião Miranda que se tornou um Centro de Formação e Qualificação Profissional e um centro irradiador de cultura.


A história do cinema como projeção teve início em 1937, com Hiran Bichara (falecido em 13 de setembro de 2016, aos 87 anos), era um negócio difícil na ocasião, porque Marabá era aquela vilazinha que não tinha mais de três ou quatro mil habitantes, "pedi ao meu pai para comprar aquelas máquinas de cinema do meu padrinho Monção. O meu pai comprou e trouxe pra casa, fizemos o salão, montamos a cabine e funcionava ali o nosso cinema", afirma Bichara portanto, não havia publico para garantir o funcionamento. Numa época que não havia televisão o cinema era tudo de bom, todo mundo passou por lá. Os filmes que chegavam à Marabá eram trazidos de navio por Belém e, de lá uma pessoa recebia e passava para um barco menor, que vinha para cá. 


Um Cinema das antigas - Hiran Bichara
“Eu começava a trabalhar (exibindo filmes) e de repente acabava o crédito, tinha de parar e procurar dinheiro em outra coisa para poder voltar a funcionar (o cinema), porque  em cinema ninguém podia ficar devendo,  o pagamento (dos filmes) era adiantado. Eu fechava o cinema, passava seis meses trabalhando, reunia dinheiro, pagava as empresas (distribuidoras de filmes) e começava  de novo. Fui fechando e abrindo (o cinema), até que depois de onze anos consegui me firmar. Marabá cresceu um pouco e já começou a sustentar o cinema”, contou. 

Mas o Sr. Bichara não se queixava, esteve presente nos tempos áureos do cinema, fez fortuna e patrimônio. E é engraçado seus relatos, como o do Sr. Uady Moussallem, assíduo frequentador. Se passasse dez vezes o filme, ele ia. Era o primeiro a estar na porta. Houve um filme, "Aviso aos navegantes", (de 1950 com Oscarito e Grande Otelo), em que aparecia a Emilinha Borba cantando todo mundo levantava e ele ficava batendo palmas. Eu tinha que repetir, ele comandava, isso com a sala lotada. Uau!

Cine Marrocos - dias atuais. Crédito: Prefeitura de Marabá
O Cinema abria de segunda a segunda. Sábado e domingo eram duas sessões à noite. No domingo, uma de tarde e duas à noite. No sábado duas à noite e, quando era um filme especial, dava mais sessões. Havia sessões que a sala ficava lotada com trezentas, quatrocentas pessoas. 

Claro que não passava por aqui todos os filmes, no entanto, relatos de frequentadores mostram o rol de filmes que agitava a vida cultural da cidade, como filmes de cowboys, bang-bang, o Bem vindo ao velho oeste, Sete homens e um destino, Tarzan e outros tantos. 

Além de excelente auditório o espaço abriga atividades de formação para jovens, com oficinas de bandas, fanfarras e percussão, canto e coral, danças, de piano, violão e guitarra.



Fontes de Pesquisa
Livro Marabá, ontem e hoje

http://www.hiroshibogea.com.br/maraba-perde-um-de-seus-filhos-ilustre-hiran-bichara/

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