Crédito: Arnilson de Assis |
Hoje a vida passa na TV, mas, no passado, em Marabá passava era no Cinema. Nos anos 1940 ainda não havia a televisão e tudo acontecia prá valer nas telas do Cine
Marrocos. Um privilégio para um começo de cidade. O Cine Marrocos atualmente é gerenciado pela Secretaria de Cultura, o prédio bem
preservado revela sua nobreza com um lindo palco, escadarias, muitos lugares e
ambiente super climatizado. Encontra-se em excelentes condições, desde que foi restaurado em 2002 na gestão do Prefeito
Sebastião Miranda que se tornou um Centro de Formação e Qualificação
Profissional e um centro irradiador de cultura.
A história do cinema como projeção teve início em 1937, com Hiran
Bichara (falecido em 13 de setembro de 2016, aos 87 anos), era um negócio
difícil na ocasião, porque Marabá era aquela vilazinha que não tinha mais de
três ou quatro mil habitantes, "pedi ao meu pai para comprar aquelas
máquinas de cinema do meu padrinho Monção. O meu pai comprou e trouxe pra casa,
fizemos o salão, montamos a cabine e funcionava ali o nosso cinema",
afirma Bichara portanto, não havia publico para garantir o funcionamento. Numa época
que não havia televisão o cinema era tudo de bom, todo mundo passou por lá. Os
filmes que chegavam à Marabá eram trazidos de navio por Belém e, de lá uma
pessoa recebia e passava para um barco menor, que vinha para cá.
Um Cinema das antigas - Hiran Bichara
“Eu começava a trabalhar (exibindo filmes) e de
repente acabava o crédito, tinha de parar e procurar dinheiro em outra coisa
para poder voltar a funcionar (o cinema), porque em cinema ninguém podia
ficar devendo, o pagamento (dos filmes) era adiantado. Eu fechava o
cinema, passava seis meses trabalhando, reunia dinheiro, pagava as empresas
(distribuidoras de filmes) e começava de novo. Fui fechando e abrindo (o
cinema), até que depois de onze anos consegui me firmar. Marabá cresceu um
pouco e já começou a sustentar o cinema”, contou.
Mas o Sr. Bichara não se queixava, esteve presente
nos tempos áureos do cinema, fez fortuna e patrimônio. E é engraçado seus
relatos, como o do Sr. Uady Moussallem, assíduo frequentador. Se passasse dez
vezes o filme, ele ia. Era o primeiro a estar na porta. Houve um filme,
"Aviso aos navegantes", (de 1950 com Oscarito e Grande Otelo), em que
aparecia a Emilinha Borba cantando todo mundo levantava e ele ficava batendo
palmas. Eu tinha que repetir, ele comandava, isso com a sala lotada. Uau!
Cine Marrocos - dias atuais. Crédito: Prefeitura de Marabá |
Claro que não passava por aqui todos os filmes, no entanto, relatos de
frequentadores mostram o rol de filmes que agitava a vida cultural da cidade,
como filmes de cowboys, bang-bang, o Bem vindo ao velho oeste, Sete homens e um
destino, Tarzan e outros tantos.
Além de excelente auditório o espaço abriga atividades de formação para
jovens, com oficinas de bandas, fanfarras e percussão, canto e coral, danças,
de piano, violão e guitarra.
Fontes de Pesquisa
Livro Marabá, ontem e hoje
http://www.hiroshibogea.com.br/maraba-perde-um-de-seus-filhos-ilustre-hiran-bichara/
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