terça-feira, 25 de abril de 2017

Contexto do silenciamento da cultura e da história

Entre os muitos comentários recebidos pelas postagens, recebi um com uma frase interessante, foi pelo whattsapp e eu adorei a observação da minha leitora. Revela que há um certo silêncio sobre a nossa bela história, já tinha percebido isso, razão pela qual venho evidenciando nas postagens as origens de Marabá. Se não é intencional, pelo menos existe essa mudez dos fatos. Uma professora me confessou hoje que pouco se fala para as crianças sobre o passado, das datas e dos grandes personagens que construíram essa cidade hoje centenária.

Saber a história de um lugar significa resgatar e preservar as tradições, os esforços daqueles que contribuíram para que chegássemos ao ponto em que nos encontramos. Trazer para os dias atuais nossa história vai impactar positivamente no orgulho do povo por seu passado glorioso.
Existe uma legislação federal que torna obrigatório o ensino nas escolas da cultura afro-brasileira e indígena. Essa lei, que acaba de completar dez anos, infelizmente ainda é pouco conhecida. Compete a nós, militantes e especialistas da área de educação, colocarmos isso em prática. Temos diversos elementos a tratar nesta linha de pensamento, a história dos quilombos, os feitos dos povos antigos, nossos mitos e lendas, a influência da cultura indígena, as raízes libanesas e sua atuação política, a miscigenação ocorrida e o fato sobre a origem do nome Marabá. 
Precisamos contar, demonstrar esses fatos às nossas crianças e jovens, mostrar a riqueza da cultura e da tradição dos primeiros habitantes, são múltiplas as facetas e possibilidades de se resgatar o papel dos pioneiros, dos índios na formação da cidade. Serve, ainda, para evitar maiores distorções em relação a tudo que deve ser reverenciado pelas inúmeras contribuições e dar devido protagonismo que eles tanto merecem.
O desconhecimento ou o silenciamento, se for intencional é uma forma de desmerecer os muitos feitos do passado. Grande parte da população ainda não conhece a história da cidade de Marabá, podemos pensar como isso ocorre percorrendo pela cidade, até temos ruas com nomes de nossos protagonistas históricos, uma rua aqui, uma travessa ali, uma pracinha. Aliás, os espaços públicos são lugares para isso, reverenciar nossos heróis, ainda precisam de mais ações, posso colocar o fato do Palacete Augusto Dias que foi destinado para o funcionamento do Museu Histórico Francisco Coelho, cujas obras começaram em 2014 e prazo para término em 2015, continua parada. Poucos monumentos nas praças públicas e outras honrarias, sem contar as datas históricas que passam em branco.
Pode-se justificar a forte miscigenação, forte característica  do município, gente de todas as partes do país, realmente isso veio depois. Falam de uma falta de identidade cultural, porque a deixamos de lado, não promovemos estes aspectos mas, não é esse o problema. Somos nós os maiores interessados e temos todas as condições para este reconhecimento, honrarmos o passado. Devemos colocar a boca no trombone e anunciar a nossa história, inclusive, revisar pontos obscuros e distorcidos, torná-los conhecidos mais corretos.
Em nossa história deixamos de venerar as festas cívicas e religiosas, hoje pouco conhecidas e se perdendo na memória dos marabaenses. A data de 7 de junho, nome de uma rua da cidade representa a data de Fundação de Marabá no Pontal em 1898. A data de 23 de dezembro de 1904 é muito importante, foi quando o Pontal passou à Marabá. Há muitas datas que devem ser do conhecimento público. A data de 27 de fevereiro de 1913 é considerada a data de criação do município. O 5 de abril comemoramos graças a Deus a instalação do município, ocorrida em 1913. No 17 de março de 1914 se deu a instalação da comarca. Por meio da Lei 2.207 em 27 de outubro de 1923 é considerada a data de criação da Cidade e a data de 13 de maio de 1924 a de instalação da Cidade.
Nos dias atuais, no dia 20 de novembro comemoramos graças a Deus o Festejo de São Félix de Valois mas, por outro lado, temos o declínio e quase desaparecimento das Festas do Divino que eram realizadas entre os meses de maio e junho. 
A história nos conta que no Burgo do Itacaiúna foi construída uma Ermida coberta com palha de babaçu onde se reuniam para as preces e conversas com Deus. Aqueles moradores vindos de Boa Vista tinha um cultura religiosa intensa e de origem francesa, os muitos padres que vinham para a região eram franceses e por isso colocaram um santo desta nacionalidade na ermida, São Félix de Valois, nosso padroeiro e dos bandeirantes e aventureiros. Ainda sobre esta viagem histórica de Boa Vista para o Burgo foi sofrida e muitos pedidos foram feitos para o santo francês que se tornou nosso padroeiro. Quando houve a mudança do Burgo para o Pontal em 1904, levaram o Santo e o entronizaram numa ermida construída de pau roliço e coberta de folhas de babaçu e piso de terra batida. Os moradores juntaram fundos e construíram um templo maior, concluído em 1906, destruído por uma enchente ocorrida em 1926. Mais a Igreja hoje está lá para contar a sua história.
De agora em diante precisamos fazer barulho, nossa história, nossas tradições precisam ser destacadas, comentadas, discutidas, representada para nossa gente. Enfim, em relação a história faça barulho. Viva Marabá!!!

Francisco Arnilson de Assis

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