domingo, 23 de abril de 2017

Rios Araguaia-Tocantins

Ilustração de José Soares de Moura e Silva
Chamado de rios gêmeos, Araguaia e Tocantins, que são grandiosos e lindos, servem de caminho até hoje, para o abastecimento do comércio da região, serviam muito mais noutros tempos das entradas e bandeiras. As mercadorias manufaturadas eram transportadas em sentido oposto, subiam em barcos pelo rio, enquanto os produtos do sertão desciam-no. As grandes riquezas naturais, coletadas pelos heróis que lutaram nas brenhas ocultas de uma região que estava prestes para nascer. As capitanias do Mato Grosso, Goiás, Maranhão e Pará, que eram os responsáveis em manter o elo através das aquovias, e que tem condições de fazer a ligação entre Norte, Centro-Oeste e até ao Sul. Através destas vias fluviais, vieram muitas e muitas levas de exploradores e coletadores de borracha.


Havia fontes de onde se compravam as mercadorias necessárias, como também esses eram os pontos de vendas dos produtos do sertão e, esses pontos eram: Porto Nacional em Goiás, Grajaú e Barra do Corda no Maranhão, Belém do Grão-Pará, eram pontos comerciais que abasteciam os predadores ribeirinhos das ervas do sertão. Porto Nacional, Porto Franco, Carolina, Boa Vista do Tocantins (atual Tocantinópolis), Santo Antônio da Cachoeira, Imperatriz, se ligavam a Belém pelo rio Tocantins; Leopoldina, Santa Maria, Barreira Branca, Santa Maria Velho, Itaipava, Santa Isabel, São Vicente e São João do Araguaia a Belém se ligavam pelo Tocantins e pelo Araguaia. Essas localidades ficavam muito distante dos grandes centros "adiantados" e completamente isoladas pelas cachoeiras.

Ilustração de José Soares de Moura e Silva
As mercadorias adquiridas em Porto Nacional, eram provenientes da Capital da Bahia, navegavam pelo rio São Francisco subiam pelo rio Grande, seu afluente da margem esquerda, daí eram transportadas em lombos de burros até Porto Nacional, desciam o Tocantins, em canoas ou botes a remo, para abastecer as populações ribeiras da região.

Lá pelos idos de 1628 houve frequentes ataques de bandidos aos carregamentos de cargas, por esse motivo as cargas seguiam pelo rio São Francisco acima, chegavam a vila de São Francisco e de São Romão em Minas Gerais e, daí eram trazidos em lombos de burros até a vila ribeirinha do Tocantins, por nome de Porto Nacional.

Em épocas de águas baixas, Belém ficava isolada pela cachoeira de Itaboca e, por esse motivo, a navegação ficava livre do Belém só até a cachoeira de Tucumanduba, não sendo possível o transporte de cargas por meio de tropas, por causa dos índios. Problema que solucionado bem mais tarde, através de barcos mais possantes e mais sofisticados.

Porto Nacional hoje é importante cidade do Tocantins, 900 km distante de Boa Vista de Tocantins, hoje Tocantinópolis, por causa dos ataques de bandidos, Porto Nacional passou a comerciar pelo Maranhão, através de Grajaú, da casa caxiense do Senhor Carlos Pinto da Cunha e o maior empório comercial de Porto Nacional, era do Senhor Frederico Lemos. As mercadorias saiam de Grajaú, no lombo de tropa, andava 900 km rio Tocantins acima até alcançar Porto Nacional.

Entre Tocantins e Araguaia, o comércio de Grajaú, chegava a vila de Santa Maria (hoje Araguacema), margem direita do Araguaia, distante 600 km acima de sua foz no Tocantins, fato que continuou por séculos, até quando já existia Conceição, São João e o Burgo do Taká-y-una.

Apesar das inúmeras dificuldades aqui narradas, ainda havia lama, atoleiros e grotas, mato, carrapato, berne, muriçoca ou carapanã, pium, maruim, além dos índios, as feras do desconhecido, as febres intermitentes, o Burgo do Taká-y-una, fazia já um comércio bem desenvolvido e teve oportunidade de transformar a localidade do Pontal, logo depois, na vila de Marabá.

Texto do Livro: As origens de Marabá de 1590 a 1913 de José da Silva Brandão, pg. 185/187.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Imprimir Artigos

Print Friendly and PDF