Difícil
desassociar uma atividade da outra, sendo que uma prima pela promoção e a outra
pela divulgação. São atividades irmãs, muito próximas, como se fosse uma a
tampa e a outra a panela. Vivenciar o turismo sem estes instrumentos afiados
fica complicado, pode até ocorrer, mas enfraquecido de forças e sem
visibilidade. Daí, em muitos municípios estarem associadas em uma só
secretaria, embora possuam ministérios e orçamentos próprios, elas costumam ser
parceiras de uma caminhada de realização e difusão da cultura e do lazer.
A cultura e o turismo são
forças do setor produtivo capazes de transformarem positivamente uma cidade, um
estado, um país. Exemplo bem claro de uma profunda transformação de um
município é Pirenópolis, no Goiás. Um Estado com força turística invejável é o
Ceará e um país, só para variar, a Turquia que até 1980 tinha um turismo
incipiente e passou a sexto maior destino mundial, com estes elementos
profundamente enraizados na força econômica. São exemplos que trazem no seu
bojo o desejo forte de avançar e engrandecer os números do seu produto interno
bruto, de projetar cenários e metas cada vez mais promissores.
Consciente que a cultura
promove eventos de suma importância, também integradas a outras políticas no
eixo do desenvolvimento humano, (sem contar o socioeconômico) incluindo-se a
educação, o turismo, o esporte e lazer, através das secretarias de Educação,
Cultura, Turismo, de Esporte e Lazer e da Fundação Casa da Cultura, dentre
esses atores, não se pode furtar a participação de nenhum deles e de seus
instrumentos culturais de valorização de sua história, do seu passado e de sua
gente. Não podemos esquecer-nos do calendário cultural oficial e do trabalho
promovidos nos bairros.
Neste contexto, todas as leis,
projetos e planos precisam sair do papel para a execução. A gestão pública
possui dotação orçamentária para cada um destes órgãos e numa ação integrada
daria para se promover todos os eventos oficiais e da comunidade cultural
local. Apenas a Secretaria de Cultura, através da Lei Orgânica Anual 2017,
possui para gastos anuais R$ 3,2 milhões. A Secretaria de Esporte e Lazer R$
4,01 milhões, a Secretaria de Turismo R$ 1,7 milhão e a Fundação Casa da
Cultura R$ 5,3 milhões, ao todo muitos milhões para ações conjuntas. O papel da
construção é de todas elas e da iniciativa privada.
A Secretaria de Cultura e sua missão estratégica
A cultura tem a missão de
preservar e fomentar o patrimônio artístico, histórico e cultural do município,
promovendo parcerias com instituições públicas, privadas e entidades de classes
e ampliando as discussões relativas ao segmento cultural, garantindo à
comunidade o acesso à cultura de forma democrática. Tem como valores o
compromisso com o desenvolvimento da cultura local e regional, a qualidade e
humanização no atendimento e na execução das atividades e, valores éticos de
respeito, seriedade e compromisso, além, de visão de futuro de ter eficiência
na prestação de serviços e na promoção das atividades do calendário cultural
garantindo o acesso à cultura no município.
Essa estratégia é capaz de
oportunizar a inserção de jovens ao mercado de trabalho através da cultura,
arte e da música. Desenvolver o calendário cultural e tradicional ao longo do
ano, concebendo a diversidade cultural nas áreas da dança, artes plásticas,
artesanato, musical, entre outros. A Secretaria de Cultura deve conduzir
trabalhos de relevância sociocultural com destaque para a música regional,
amazônica e brasileira, buscar o envolvimento da comunidade no direito a
cultura como instrumento de inserção social e conhecimento e valorização das
raízes e da identidade musical, proporcionado por ações estabelecidas no
calendário municipal de tradições, eventos e datas comemorativas de amplo relevo
na vida da comunidade. Fortalecimento do patrimônio cultural do município.
Aproximar a Gestão Pública Municipal com os agentes construtores de cultura no
âmbito público e privado.
A Secretaria de Turismo e seu papel social
Tem como missão oportunizar o
desenvolvimento da atividade turística em Marabá, explorando o potencial e a
demanda real do município, oferecendo a turistas, visitantes e residentes
serviços seguros e saudáveis, promovendo bem estar e qualidade de vida da
população.
E tem como visão ser uma
secretaria comprometida com os anseios da sociedade, que valoriza os aspectos
motivacionais ecologicamente corretos. Mas, nesta batalha de sonhos e anseios,
de desenvolvimento e produção, estamos sem estratégias de enfrentamento, esse
espaço encontra-se anêmico de políticas e uso de seus generosos recursos. A
moda hoje em dia é falar da crise e da falta de recursos, mas acredito que
falte boa vontade para utilizá-lo. Os anseios vão muito além da simples
promoção turística, vão no sentido de revigorar todos os segmentos da
felicidade que se pode proporcionar, desde o comércio local, da imprensa, da
classe dos artistas e artesãos, de produtores agrícolas, promotores de eventos,
gestão pública e etc., caso seja priorizada.
Fraquezas da cultura e do desenvolvimento turístico
Se não há integração entre os
setores públicos, bem mais fácil de promover, o mesmo também não ocorre entre
os setores público e privado. Os conselhos municipais ainda não conseguiram
cobrar o cumprimento dos programas e planos municipais de cada setor. No
primeiro ano de gestão as coisas ocorrem com certa dificuldade, principalmente
para gestores neófitos de outras pastas que assumem missões estratégicas em
outras, como se um Almirante de Esquadra pudesse comandar uma batalha como um General
do Exército. E isto leva um precioso tempo, que seria aproveitado se fosse por
um general.
A fragilização da cultura é uma
forma de desmerecer muitos feitos do passado, e muita gente ainda não conhece a
origem e a história de Marabá. Os espaços públicos são lugares para reverenciar
nossos heróis, pioneiros e outras personalidades e precisamos de espaços
públicos para, também, promover inúmeros eventos que não podem ficar apenas
numa localidade. As praças públicas há muito não recebem a visita da cultura
popular e não foram pensadas como instrumentos turísticos, apenas como um lugar
para circulação das pessoas, comércio informal e de alimentação popular.
Uma cultura enfraquecida se
torna silenciada, impactando também no turismo, pastas importantes do setor
produtivo. Se não anda, não vê e não realiza, inviabiliza toda a produção
cultural que poderia ser de divulgação interna e externa com ganhos crescentes.
Nossos monumentos não retratam a nossa cultura, fica difícil levar uma imagem
que possa ser identificada como de Marabá. Nossa identidade cultural serviria
muito bem para lembranças e etc. O que um visitante leva de uma cidade? As
imagens mentais e outros objetos que sirvam de recordação. Mais, o que levar
que possa retratar essa terra e a sua gente, sua cultura, seus monumentos?
Quais as razões para dissociar
a cultura, o turismo e a sociedade? Talvez não existam razões, talvez tudo não
passe de um aprendizado do almirante de esquadra para comandar uma batalha de
campo, aprendizado demorado que será construído segundo uma excelente
estratégia de guerra, neste caso, um planejamento municipal. Enquanto isso
crescem as ilhas de trabalhos culturais que poderiam fazer parte do calendário
oficial. Digo que muito se perde por falta de articulação e de um pequeno
apoio. Há um projeto chamado “Rios de Encontros”, muito belo, mas isolado como
uma ilha no Oceano Atlântico e existem outros que não conseguem sair de uma
comunidade para abrilhantar outra. Qual o problema? Faltam parcerias e boa
vontade. A cultura e o turismo precisam marcar um almoço de domingo, para um
bom bate papo e começar uma conversa de futuro para ambos. Depois outro, e mais
outro com os setores culturais, turísticos e empresariais. Convite aceito?
* Por Francisco
Arnilson de Assis
Publicado em
25/07/2017 10:09h
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