Entre os muitos comentários
recebidos pelas postagens, recebi um com uma frase interessante, foi pelo
whattsapp e eu adorei a observação da minha leitora. Revela que há um certo
silêncio sobre a nossa bela história, já tinha percebido isso, razão pela qual
venho evidenciando nas postagens as origens de Marabá. Se não é intencional, pelo menos existe essa
mudez dos fatos. Uma professora me confessou hoje que
pouco se fala para as crianças sobre o passado, das datas e dos grandes
personagens que construíram essa cidade hoje centenária.
Existe uma legislação federal que torna
obrigatório o ensino nas escolas da cultura afro-brasileira e indígena. Essa
lei, que acaba de completar dez anos, infelizmente ainda é pouco conhecida.
Compete a nós, militantes e especialistas da área de educação, colocarmos isso
em prática. Temos diversos elementos a tratar nesta linha de pensamento, a história dos quilombos, os
feitos dos povos antigos, nossos mitos e lendas, a influência da cultura indígena,
as raízes libanesas e sua atuação política, a miscigenação ocorrida e o fato
sobre a origem do nome Marabá.
Precisamos contar, demonstrar esses fatos às nossas
crianças e jovens, mostrar a riqueza da cultura e da tradição dos primeiros
habitantes, são múltiplas as facetas e possibilidades de se resgatar o papel
dos pioneiros, dos índios na formação da cidade. Serve, ainda, para evitar
maiores distorções em relação a tudo que deve ser reverenciado pelas inúmeras
contribuições e dar devido protagonismo que eles tanto merecem.
O desconhecimento ou o silenciamento, se for intencional é uma
forma de desmerecer os muitos feitos do passado. Grande parte da população
ainda não conhece a história da cidade de Marabá, podemos pensar como isso
ocorre percorrendo pela cidade, até temos ruas com nomes de nossos
protagonistas históricos, uma rua aqui, uma travessa ali, uma pracinha. Aliás, os espaços públicos são lugares para isso, reverenciar nossos
heróis, ainda precisam de mais ações, posso colocar o fato do Palacete Augusto
Dias que foi destinado para o funcionamento do Museu Histórico Francisco
Coelho, cujas obras começaram em 2014 e prazo para término em 2015, continua
parada. Poucos monumentos nas praças públicas e outras honrarias, sem contar as
datas históricas que passam em branco.
Pode-se justificar a forte miscigenação, forte
característica do município, gente de todas as partes do país, realmente isso veio depois. Falam de uma falta de identidade cultural, porque a deixamos de lado, não promovemos estes aspectos mas, não é esse
o problema. Somos nós os maiores interessados e temos todas as condições para este reconhecimento, honrarmos o passado. Devemos colocar a boca no
trombone e anunciar a nossa história, inclusive, revisar pontos obscuros e
distorcidos, torná-los conhecidos mais corretos.
Em nossa história deixamos de venerar as festas
cívicas e religiosas, hoje pouco conhecidas e se perdendo na memória dos
marabaenses. A data de 7 de junho, nome de uma rua da cidade representa a data
de Fundação de Marabá no Pontal em 1898. A data de 23 de dezembro de 1904 é
muito importante, foi quando o Pontal passou à Marabá. Há muitas datas que
devem ser do conhecimento público. A data de 27 de fevereiro de 1913 é
considerada a data de criação do município. O 5 de abril comemoramos graças a Deus a instalação do município, ocorrida em 1913. No 17 de março de 1914 se
deu a instalação da comarca. Por meio da Lei 2.207 em 27 de outubro de 1923 é
considerada a data de criação da Cidade e a data de 13 de maio de 1924 a de
instalação da Cidade.
Nos dias atuais, no dia 20 de novembro comemoramos
graças a Deus o Festejo de São Félix de Valois mas, por outro lado, temos o
declínio e quase desaparecimento das Festas do Divino que eram realizadas
entre os meses de maio e junho.
A
história nos conta que no Burgo do Itacaiúna foi construída uma Ermida coberta
com palha de babaçu onde se reuniam para as preces e conversas com Deus.
Aqueles moradores vindos de Boa Vista tinha um cultura religiosa intensa e de
origem francesa, os muitos padres que vinham para a região eram franceses e por
isso colocaram um santo desta nacionalidade na ermida, São Félix de Valois, nosso
padroeiro e dos bandeirantes e aventureiros. Ainda sobre esta viagem histórica de Boa Vista para o Burgo
foi sofrida e muitos pedidos foram feitos para o santo francês que se tornou
nosso padroeiro. Quando houve a mudança do Burgo para o Pontal em 1904, levaram
o Santo e o entronizaram numa ermida construída de pau roliço e coberta de
folhas de babaçu e piso de terra batida. Os moradores juntaram fundos e construíram um
templo maior, concluído em 1906, destruído por uma enchente ocorrida em
1926. Mais a Igreja hoje está lá para contar a sua história.
De agora em diante precisamos fazer barulho, nossa história, nossas tradições precisam ser destacadas, comentadas, discutidas, representada para nossa gente. Enfim, em relação a história faça barulho. Viva Marabá!!!
Francisco Arnilson de Assis
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