Encontro dos rios Tocantins e Itacaiúnas - o Pontal |
O território do município de
Marabá se formou de dois modos: a) a parte serrana que vem de sequência de
terras antigas, isto é, terra continental; b) a parte de planície, de formação
aluvial ou assoreamento de uma baía, da qual se formou principalmente o leito
do rio Araguaia e a parte do rio Tocantins, abaixo da foz do rio Araguaia. Os
rios foram os únicos meios de penetração para os sertões brasileiros e, é por
este motivo que a maioria das cidades brasileiras situam-se à margem de rios.
Foi através do Araguaia que Antônio Macedo e Domingos Luís Grou chegaram aqui,
a partir do oceano, através da baía do Guajajara e do estuário do rio
Tocantins, penetraram os franceses de La Ravardière até a foz do Araguaia.
Com
a descoberta do ouro, começou o interesse na região, tanto assim que Bartolomeu
Barreiros de Ataíde, também desceu de São Paulo em 1.646 e chegou à Serra dos
Carajás. Este fato consta de um Memorial entregue ao rei Felipe III pelo
bandeirante acima citado, dando como referência dessas minas, as serras do rio
Taquanhonha a cerca de 75 léguas distantes Oeste de Camutá (hoje Cametá).
Estrangeiros
invadiram o Baixo Tocantins, os vales do Pacajá e do Tacaiúna, extraindo as
ervas do sertão, tão decantadas e conhecidas também, como especiarias do
sertão: baunilha, cacau, canela, cravo e guta-percha. Para por fim à depressão
o D. João V enviou para a região o Padre Manuel Nunes acompanhado de uma
escolta militar para por cobro à devastação.
Na
realidade, o Padre Manoel Nunes descobriu em 1.644 o rio Taquanhonha
(Itacaiúna), três anos depois em 1.667, o Padre Manoel Nunes foi substituído
pelo Padre Francisco Velozo, que permaneceu por 14 meses na foz do rio
Itacaiúna, junto à tribo de mesmo nome (Taká-Y-Una). Em relatório feito ao rei
D. João V, o padre Velozo fala da ilha das Pombas, como o paraíso das
Tartarugas.
Em
1.669 chega ao Taká-Y-Una os bandeirantes portugueses Manoel Brandão e Gonçalo
Paez, em busca do ouro. Porém, encontraram uma valiosa fonte alimentícia - a
castanha - alimento dos índios locais. Esses dois bandeirantes levaram pela
primeira vez a castanha para os mercados europeus.
Diogo
Pinto da Gaia, outro bandeirante paulista que penetrou as zonas serranas dos
rios Araguaia e Itacaiúna, em 1.720, quando encontrou ouro pela primeira vez,
explorado. Mais uma vez, tivemos por estrangeiros o contrabandeamento do ouro
para a Guiana Francesa. Os escravos que trabalhavam nas minas de ouro da
Capitania de Goiás juntavam-se com criminosos e com índios rebelados, formavam
mocambos em lugares estratégicos.
Os
negros fugiam das minas e se juntavam a outros negros que igualmente fugiam das
plantações de cana-de-açúcar e de cacau de Cametá, também fundaram mocambos nos
locais de estrangulamento da navegação do Araguaia-Tocantins que chegou a ser
suspensa em 1.731.
O
governador da Capitania de Goiás D. João Manoel de Mello, que ao vir de Lisboa,
passou por Belém e subiu pelo Tocantins-Araguaia, até Vila Boa, em 1.799, e
junto ao governador D. Francisco Maurício de Sousa Coutinho, da Capitania do
Grão-Pará, passaram a fundar os "presídios militares" como: São Pedro
da Pederneira, Itaboca, São João do Araguaia, Santa Isabel, Itaipavas e Santa
Maria do Araguaia.
A
Secretaria de Negócios de Estado Ultra-Marinho baixou um aviso em 1.802,
determinando ao governo da Capitania de Goiás, que fundasse o presídio da Barra
do Taquanhonha, justamente onde está localizada a Marabá Pioneira e foi
comissionado para realizar este trabalho Braz Martins d`Almeida, que executou a
determinação em 1.804.
O
príncipe regente D. João, já no Brasil, dividiu a Capitania de Goiás em duas
Comarcas. Determinou igualmente que a sede da Comarca do Norte fosse localizada
na parte mais setentrional. Nomeou como juiz desta Comarca o desembargador
Joaquim Theotônio Segurado e a vila sede teria o nome de São João. No dia 10 de
agosto de 1.809 foi baixado o alvará determinando a fundação da Vila de São
João das Duas Barras, no local onde se situa a Marabá Pioneira.
Em 28 de setembro de 1.892 os exilados da Boa Vista chegaram ao
local e fundaram o Burgo do Itacaiúna, chefiado pelo coronel Carlos Gomes
Leitão. Depois de tudo que estudamos acima, começava a nascer o povoamento
definitivo em toda a região Sudeste e Sul do Pará.
No
dia 7 de junho de 1.898 foi inaugurado o Barracão no Pontal dos rios
Tocantins-Itacaiúna e no dia 23 de dezembro de 1.904, foi baixado o Decreto nº
1.344-A, que tornou o povoado do Pontal em circunscrição judiciária com o nome
oficial de Marabá.
Porém,
depois de tanta luta, tanto tempo decorrido, foi criado sob a batuta do
governador Enéas Martins o município de Marabá, 3º no Sul do Pará, o 35º no
Pará e o 1.130º no Brasil. Se tivesse prevalecido o Meridiano de Tordesilhas, o
município de Marabá na época que atingiu o seu auge territorial, entre 1.922 e
1.947, a parte que ficaria pertencendo a Portugal teria 12.794 km² de área e a parte que caberia à Espanha
teria 60.456 km², ao passo que, sem a existência
do Meridiano seria 73.247 km².
Texto extraído do livro: As origens de Marabá 1.590 - 1913, de José da Silva Brandão pg. 231/234.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.