segunda-feira, 24 de abril de 2017

Origens do Território de Marabá

Encontro dos rios Tocantins e Itacaiúnas - o Pontal
O território do município de Marabá se formou de dois modos: a) a parte serrana que vem de sequência de terras antigas, isto é, terra continental; b) a parte de planície, de formação aluvial ou assoreamento de uma baía, da qual se formou principalmente o leito do rio Araguaia e a parte do rio Tocantins, abaixo da foz do rio Araguaia. Os rios foram os únicos meios de penetração para os sertões brasileiros e, é por este motivo que a maioria das cidades brasileiras situam-se à margem de rios. Foi através do Araguaia que Antônio Macedo e Domingos Luís Grou chegaram aqui, a partir do oceano, através da baía do Guajajara e do estuário do rio Tocantins, penetraram os franceses de La Ravardière até a foz do Araguaia.

Com a descoberta do ouro, começou o interesse na região, tanto assim que Bartolomeu Barreiros de Ataíde, também desceu de São Paulo em 1.646 e chegou à Serra dos Carajás. Este fato consta de um Memorial entregue ao rei Felipe III pelo bandeirante acima citado, dando como referência dessas minas, as serras do rio Taquanhonha a cerca de 75 léguas distantes Oeste de Camutá (hoje Cametá).

Estrangeiros invadiram o Baixo Tocantins, os vales do Pacajá e do Tacaiúna, extraindo as ervas do sertão, tão decantadas e conhecidas também, como especiarias do sertão: baunilha, cacau, canela, cravo e guta-percha. Para por fim à depressão o D. João V enviou para a região o Padre Manuel Nunes acompanhado de uma escolta militar para por cobro à devastação.

Na realidade, o Padre Manoel Nunes descobriu em 1.644 o rio Taquanhonha (Itacaiúna), três anos depois em 1.667, o Padre Manoel Nunes foi substituído pelo Padre Francisco Velozo, que permaneceu por 14 meses na foz do rio Itacaiúna, junto à tribo de mesmo nome (Taká-Y-Una). Em relatório feito ao rei D. João V, o padre Velozo fala da ilha das Pombas, como o paraíso das Tartarugas.

Em 1.669 chega ao Taká-Y-Una os bandeirantes portugueses Manoel Brandão e Gonçalo Paez, em busca do ouro. Porém, encontraram uma valiosa fonte alimentícia - a castanha - alimento dos índios locais. Esses dois bandeirantes levaram pela primeira vez a castanha para os mercados europeus.

Diogo Pinto da Gaia, outro bandeirante paulista que penetrou as zonas serranas dos rios Araguaia e Itacaiúna, em 1.720, quando encontrou ouro pela primeira vez, explorado. Mais uma vez, tivemos por estrangeiros o contrabandeamento do ouro para a Guiana Francesa. Os escravos que trabalhavam nas minas de ouro da Capitania de Goiás juntavam-se com criminosos e com índios rebelados, formavam mocambos em lugares estratégicos.

Os negros fugiam das minas e se juntavam a outros negros que igualmente fugiam das plantações de cana-de-açúcar e de cacau de Cametá, também fundaram mocambos nos locais de estrangulamento da navegação do Araguaia-Tocantins que chegou a ser suspensa em 1.731.

O governador da Capitania de Goiás D. João Manoel de Mello, que ao vir de Lisboa, passou por Belém e subiu pelo Tocantins-Araguaia, até Vila Boa, em 1.799, e junto ao governador D. Francisco Maurício de Sousa Coutinho, da Capitania do Grão-Pará, passaram a fundar os "presídios militares" como: São Pedro da Pederneira, Itaboca, São João do Araguaia, Santa Isabel, Itaipavas e Santa Maria do Araguaia.

A Secretaria de Negócios de Estado Ultra-Marinho baixou um aviso em 1.802, determinando ao governo da Capitania de Goiás, que fundasse o presídio da Barra do Taquanhonha, justamente onde está localizada a Marabá Pioneira e foi comissionado para realizar este trabalho Braz Martins d`Almeida, que executou a determinação em 1.804.

O príncipe regente D. João, já no Brasil, dividiu a Capitania de Goiás em duas Comarcas. Determinou igualmente que a sede da Comarca do Norte fosse localizada na parte mais setentrional. Nomeou como juiz desta Comarca o desembargador Joaquim Theotônio Segurado e a vila sede teria o nome de São João. No dia 10 de agosto de 1.809 foi baixado o alvará determinando a fundação da Vila de São João das Duas Barras, no local onde se situa a Marabá Pioneira.

Em 28 de setembro de 1.892 os exilados da Boa Vista chegaram ao local e fundaram o Burgo do Itacaiúna, chefiado pelo coronel Carlos Gomes Leitão. Depois de tudo que estudamos acima, começava a nascer o povoamento definitivo em toda a região Sudeste e Sul do Pará.

No dia 7 de junho de 1.898 foi inaugurado o Barracão no Pontal dos rios Tocantins-Itacaiúna e no dia 23 de dezembro de 1.904, foi baixado o Decreto nº 1.344-A, que tornou o povoado do Pontal em circunscrição judiciária com o nome oficial de Marabá.


Porém, depois de tanta luta, tanto tempo decorrido, foi criado sob a batuta do governador Enéas Martins o município de Marabá, 3º no Sul do Pará, o 35º no Pará e o 1.130º no Brasil. Se tivesse prevalecido o Meridiano de Tordesilhas, o município de Marabá na época que atingiu o seu auge territorial, entre 1.922 e 1.947, a parte que ficaria pertencendo a Portugal teria 12.794  km² de área e a parte que caberia à Espanha teria 60.456  km², ao passo que, sem a existência do Meridiano seria 73.247  km².

Texto extraído do livro: As origens de Marabá 1.590 - 1913, de José da Silva Brandão pg. 231/234.

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