Ilustração de José Soares de Moura e Silva |
Chamado
de rios gêmeos, Araguaia e Tocantins, que são grandiosos e lindos, servem de
caminho até hoje, para o abastecimento do comércio da região, serviam muito
mais noutros tempos das entradas e bandeiras. As mercadorias manufaturadas eram
transportadas em sentido oposto, subiam em barcos pelo rio, enquanto os
produtos do sertão desciam-no. As grandes riquezas naturais, coletadas pelos
heróis que lutaram nas brenhas ocultas de uma região que estava prestes para
nascer. As capitanias do Mato Grosso, Goiás, Maranhão e Pará, que eram os
responsáveis em manter o elo através das aquovias, e que tem condições de fazer
a ligação entre Norte, Centro-Oeste e até ao Sul. Através destas vias fluviais,
vieram muitas e muitas levas de exploradores e coletadores de borracha.
Havia
fontes de onde se compravam as mercadorias necessárias, como também esses eram
os pontos de vendas dos produtos do sertão e, esses pontos eram: Porto Nacional
em Goiás, Grajaú e Barra do Corda no Maranhão, Belém do Grão-Pará, eram pontos
comerciais que abasteciam os predadores ribeirinhos das ervas do sertão. Porto
Nacional, Porto Franco, Carolina, Boa Vista do Tocantins (atual
Tocantinópolis), Santo Antônio da Cachoeira, Imperatriz, se ligavam a Belém
pelo rio Tocantins; Leopoldina, Santa Maria, Barreira Branca, Santa Maria
Velho, Itaipava, Santa Isabel, São Vicente e São João do Araguaia a Belém se
ligavam pelo Tocantins e pelo Araguaia. Essas localidades ficavam muito
distante dos grandes centros "adiantados" e completamente isoladas pelas
cachoeiras.
Ilustração de José Soares de Moura e Silva |
As
mercadorias adquiridas em Porto Nacional, eram provenientes da Capital da
Bahia, navegavam pelo rio São Francisco subiam pelo rio Grande, seu afluente da
margem esquerda, daí eram transportadas em lombos de burros até Porto Nacional,
desciam o Tocantins, em canoas ou botes a remo, para abastecer as populações
ribeiras da região.
Lá
pelos idos de 1628 houve frequentes ataques de bandidos aos carregamentos de
cargas, por esse motivo as cargas seguiam pelo rio São Francisco acima,
chegavam a vila de São Francisco e de São Romão em Minas Gerais e, daí eram
trazidos em lombos de burros até a vila ribeirinha do Tocantins, por nome de
Porto Nacional.
Em
épocas de águas baixas, Belém ficava isolada pela cachoeira de Itaboca e, por
esse motivo, a navegação ficava livre do Belém só até a cachoeira de
Tucumanduba, não sendo possível o transporte de cargas por meio de tropas, por
causa dos índios. Problema que solucionado bem mais tarde, através de barcos
mais possantes e mais sofisticados.
Porto
Nacional hoje é importante cidade do Tocantins, 900 km distante de Boa Vista de
Tocantins, hoje Tocantinópolis, por causa dos ataques de bandidos, Porto
Nacional passou a comerciar pelo Maranhão, através de Grajaú, da casa caxiense
do Senhor Carlos Pinto da Cunha e o maior empório comercial de Porto Nacional,
era do Senhor Frederico Lemos. As mercadorias saiam de Grajaú, no lombo de
tropa, andava 900 km rio Tocantins acima até alcançar Porto Nacional.
Entre
Tocantins e Araguaia, o comércio de Grajaú, chegava a vila de Santa Maria (hoje
Araguacema), margem direita do Araguaia, distante 600 km acima de sua foz no
Tocantins, fato que continuou por séculos, até quando já existia Conceição, São
João e o Burgo do Taká-y-una.
Apesar
das inúmeras dificuldades aqui narradas, ainda havia lama, atoleiros e grotas,
mato, carrapato, berne, muriçoca ou carapanã, pium, maruim, além dos índios, as
feras do desconhecido, as febres intermitentes, o Burgo do Taká-y-una, fazia já
um comércio bem desenvolvido e teve oportunidade de transformar a localidade do
Pontal, logo depois, na vila de Marabá.
Texto do Livro: As origens de Marabá de 1590 a 1913 de José da Silva Brandão, pg. 185/187.
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