domingo, 20 de agosto de 2017

Desenvolvimento econômico, agora é tudo de uma só vez?

A Audiência Pública realizada neste 11 do mês em curso, na Câmara de Vereadores demonstrou uma disputa de ideias, de um lado o desenvolvimento produtivo e do outro o social. Só havia uma estratégia, a do econômico, sem nada para o humano. As ideias bem articuladas encheram os olhos de muitos, tudo parecia um sonho, um futuro bem ali na esquina, um pouco mais à esquerda. Temas de grandes complexidades foram expostos com bastante desenvoltura, implantar uma ferrovia de 1.312 quilômetros pareceu muito fácil. Eram oito propostas: uma Siderúrgica para verticalizar a produção de ferro; uma Hidrelétrica; a Derrocagem do Pedral do Lourenção; a Reativação de três Rodovias Federais; criação do Porto Público de Marabá; Zona de Processamento e Exportação; Implantação da Hidrovia Araguaia-Tocantins; Reativação do Distrito Industrial de Marabá e; Centro de Convenções. Medidas complexas capazes de transformar toda a região e o estado do Pará, com um problema apenas, o governo federal e estadual estão sem capital para investimento. Pensar que implantar uma dessas propostas é não é coisa simples, pode tirar o cavalinho da chuva para não estragar. 

A proposta da Ferrovia para transportar a soja do Goiás e do Mato Grosso é de encher os olhos. A hidrelétrica no rio Tocantins não tocou nos problemas ambientais e sociais. A derrocagem para a navegação não apresentou os problemas relacionados aos impactos ambientais e sociais. Tudo foi mostrado com muita rapidez, muita astúcia. Mas, o caminho para se chegar em cada um desses projetos não é nada fácil, é um longo caminho, pode seguir reto, vai mais, vai mais, mais, mais, mais, vai mais...

Pensar o desenvolvimento com a velocidade de uma corrida de 100 metros, tendo a participação do jamaicano Usain Bolt é complicado. A transparência dos fatos mostram muitos bilhões em investimentos nos grandes projetos, no entanto, não está se investindo nas universidades públicas, na saúde, na recuperação de rodovias, tudo parado. Tudo soou como uma grande expectativa, especulação e muito desejo de ser o pai das crianças (dos projetos). Deixar o desenvolvimento humano sem perspectivas é um erro, grande erro. Não vejo lutas para funcionar a Unidade de Pronto Atendimento na Cidade Nova, para consolidar a Unifesspa, para fazer funcionar algumas empresas no Distrito Industrial. A cidade precisa de saneamento básico, de aterro sanitário, de unidades de oncologias, mamógrafos, melhor educação, faltam linhas de ônibus nos bairros pobres e periféricos, hospitais públicos e esses assuntos ficam silenciados. Eu paro para pensar, será que deixamos de ser humanos? Queremos o mais difícil, o que não dependerá de nossos esforços. Os empregos, quer dizer, o desenvolvimento econômico virá primeiro e vai exterminar a pobreza e a falta de serviços públicos?

O momento é de crise em todo o país. O povo muito decepcionado com os governantes, os jornais a cada minuto revela um novo crime, mais um escândalo de corrupção, de milhões e de bilhões. Fulano de Tal, descobriu-se agora, desviou, descobriu a um minuto atrás, desviou não mais milhões, foram 2 bilhões em contas no exterior. Os absurdos revelam um país sangrado de suas riquezas, em esquemas de lavagem de dinheiro, caixa dois, três, quatro, caixa cinco, sei lá. Uma coisa é certa, a eleição de 2018 já começou, tá logo ali mais alguns metros e é hora de mostrar um pouco de trabalho. 

Desenvolvimento humano e social

O cidadão mais preparado conseguirá, mediante conhecimento (mérito) melhor colocação, melhor remuneração. Mas, quando não se pensa em oferecer o melhor para uma população, quando não se pensa em preparação de mão de obra, valorização do ser humano local a coisa parece que não é nossa, não é prá gente. Tá vendo aquele edifício moço, eu ajudei a levantar. Hoje depois dele pronto, olho pra cima e fico tonto e chega um cidadão e diz desconfiado, tu tá aí admirado ou tá querendo roubar? É essa angústia, a população local fica apenas com o emprego básico, o município é quem recebe o ônus insuportável de arcar com 100, 150 mil aventureiros em busca de um emprego. O comércio não venderá para esses projetos e os melhores postos de trabalhos vão para gente do sul do país, os melhores contratos para os grupos mais ambiciosos.

Desenvolvimento humano tem tudo a ver com responsabilidade social. Vivemos numa cidade em que poucos projetos se inserem no apoio das políticas públicas ou das entidades culturais e esportivas. Não temos uma câmara temática do desenvolvimento nas entidades classistas locais, muito menos social, daí, não se tem melhorias nos projetos sociais, nas praças públicas, nas paradas de ônibus, nos ginásios e escolas, na promoção de eventos culturais e esportivos. Assim, sem responsabilidade social cujo tema não é debatido com clareza. Esperamos o desenvolvimento econômico. Cadê os corações que havia por aqui? 

De agora em diante, considerando os problemas da audiência pública, que a sociedade procure debater com as entidades os projetos de desenvolvimentos, não se pode que vamos ter um monte de grandes projetos, embora, com uma vontade enorme, ter tudo isso num curto, médio ou longo prazo,  principalmente em ano pré eleitoral. Agora não se falou mais sobre a Cevital, por que? Agora, tudo de uma só vez? Será?

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